sexta-feira, 17 de abril de 2015

Capítulo 74

Helô OFF
Lucas ON
Quarta feira amanheceu e eu acordei com meu celular tocando. Embora tenha acordado no susto, tentei atender o mais rápido possível, porque ontem eu já tinha acordado a Helô assim. Nem olhei no visor e como ela só se mexeu na cama, eu fui saindo do quarto dela para receber a ligação.
Lucas: Alô?
Renata: Oi, Lucas! - embora a voz estivesse muito estranha, eu já reconhecia que era a Rê no telefone - Você tá com a Helô?
Lucas: Tô sim, o que houve? Sua voz tá estranha, Rê.
Renata: Ai, meu filho - ela falou e a voz dela já embargou total, o que me fez desesperar
Lucas: Calma e me fala o que aconteceu.
Renata: O seu Alexandre, Lucas, enfartou... - ela pausou, respirando fundo - E faleceu!
Lucas: Que? Como assim? - já conseguia ouvir uns soluços na voz dela e meu coração tava muito rápido, eu não tava assimilando aquela notícia direito
Renata: A gente também não sabe direito! O irmão do Sérgio ligou pra cá muito cedo falando que ele tinha enfartado e que tava sendo encaminhado para o hospital, o que já fez a gente comprar passagem, vê tudo de vôo e começar a separar coisas que a gente ia pra Santa Catarina de qualquer jeito, mas antes mesmo da gente sair, agora pouco, ele ligou noticiando que ele não resistiu.
Lucas: Meu Deus do Céu, Rê! E agora? O que vocês vão fazer?
Renata: A gente tá indo pra São Paulo que vamos embarcar agora pra lá. Compramos passagem para a Helô e pra você também, não sei nem se poderá ir, mas de qualquer jeito, eu vou precisar muito de você para contar isso a ela.
Lucas: Não, claro que eu vou! Venham pra cá com calma e quando tiverem chegando, nos ligue para a gente ir pro aeroporto. E ela tá dormindo ainda, mas vou tirar coragem pra contar isso pra ela - falei já com a minha garganta cheia de nó.
Renata: Eu sei que isso é díficil, Lucas, me perdoe por isso, mas é que nem com tempo eu tô pra fazer isso.
Lucas: É, não vai ser fácil... Mas eu vou dá meu jeito, fica tranquila. Venham com calma, por favor!
Renata: Pode deixar... Chegando aí a gente te liga e qualquer coisa você me liga também.
Lucas: Tudo bem, um beijo.
Renata: Beijo, obrigada, Lucas. - desliguei o telefone e acho que a minha primeira reação foi deixar aquelas lágrimas que estavam presas caírem. Eu não queria que isso acontecesse na frente da Helô e era melhor que fosse agora. Além do que, é muito difícil perder alguém que gostamos, eu sou muito fraco diante essas situações. Seu Alexandre era um cara tão excepcional! Desde que eu o conheci, ganhei uma admiração muito forte pela maneira que ele tinha de conduzir a vida, tendo a alma sempre jovem e leve. É complicado até pra cair a ficha de que vamos chegar naquela casa e ele não estará lá. Passei a mão no meu rosto e sem fazer ideia de como a Helô reagiria, entrei no quarto. Ela, surpreendentemente, já estava acordada, deitada na cama e mexendo no celular.
Lucas: Uai, cê já acordou?
Helô: Já - ela me olhou e arqueou uma das sobrancelhas - Que cara é essa, Lucas?
Lucas: Senta aí que eu quero conversar com cê! - me sentei na cama também e ela fez o que eu pedi - Cê sabe que eu sou péssimo com essas coisas e...
Helô: Fala logo, cara, tu já tá me deixando preocupada.
Lucas: Sua mãe ligou agora e - eu segurei a mão dela com os olhos, inevitavelmente, todos marejados - O seu avô faleceu.
Helô: O meu avô o que? - a face dela se desconfigurou inteira em traços completamente abatidos e eu não sabia o que fazer. Só sabia que não podia chorar e isso era a coisa mais difícil de conter - Eu só não pergunto se você tá brincando, porque eu sei que isso é uma coisa que você não faria.
Lucas: Não mesmo, embora eu também quisesse que isso fosse uma brincadeira.
Helô: Não, mas não é possível - ela se soltou da minha mão e levantou - Cadê minha mãe? Por que ela não me ligou? - ela falava com a voz embargada, mas ainda sem chorar também, talvez por eu estar ali.
Lucas: Ela tá vindo pra São Paulo com o seu pai e disse que eles estão indo pra Santa Catarina. Se cê quiser ir, ela comprou passagem também.
Helô: É claro que eu vou, eu preciso vê pra acreditar, porque não tá dando! - ela falou sem nem me olhar, passando para o banheiro e eu tava sentindo que aquilo ali não seria muito bom. Deixei-a um tempo por lá, mas o silêncio dominou e eu fiquei preocupado, principalmente por ela tá grávida e mesmo que sem saber lidar com essas situações, adentrei pela porta que estava encostada.
Lucas OFF
Helô ON
Se tinha uma maneira que eu não queria ter acordado hoje era com a notícia que o meu avô havia partido desse mundo. Para uma melhor, muito provavelmente, mas para longe de mim. Para longe de ver o meu filho crescer. Para longe de conhecer um bisneto que ele tanto ansiava. Minha cabeça foi lotada desses pensamentos a cada palavra que o Lucas dizia, mas eu não queria chorar na frente dele. Além do choque, eu lia no olhar dele toda força que ele estava fazendo para se conter comigo também. Preferi passar pro banheiro. A solidão sempre me caiu muito bem para momentos de tristeza. Nem fiz qualquer necessidade, só encostei a porta e realizei a única coisa que de fato me era necessário ali: chorar. Abaixei a tampa da privada, me sentei sobre ela, apoiei meu braços sobre os meus joelhos e deixei que a dor tomasse conta. Ainda que eu me sentisse novamente na adolescência, quando perdi meus avós maternos, hoje como mulher a dor batia como um chicoteio por dentro de mim. Minha mente não parava de trabalhar ao fato de que nem a oportunidade de conhecer meu filho ele teve. Justo o meu avô! Ele que nunca foi aquele estereótipo de gaúcho fechado, muito pelo contrário, ás vezes chegava a dizer que eu que devia ser gaúcha por ser tão brava. Ele era leve, era amigo, era implicante, deixava qualquer criança mimada, mas ao mesmo tempo entendida das coisas da vida. Foi assim com todos os meus primos e foi assim comigo. Ainda que mais distantes, nós dois sempre tivemos uma relação muito de cúmplices. Meu avô já chegou, inúmeras vezes, a saber dos garotos que passavam na minha vida antes mesmo do meu pai. Já cansávamos de passar horas no telefone, principalmente assim que ingressei na faculdade, contando sobre sonhos e desejos futuros. Sem contar que ele sempre foi o maior incentivador de todas as viagens que eu já fiz. Sempre que decidia conhecer um lugar novo ou realizar intercâmbio, ele queria participar dos meus planos de viagem e me ajudar a traçar todas as rotas. Quando criança, nosso grude era ainda maior. Costumava ir para o Sul uma vez no mês e sempre era recebida com carne de sol, independente de quem tava na casa, porque ele sabia que era a minha preferida (ainda que hoje isso tenha mudado e bastante). Ele cansava de trocar a cama com a minha avó e eu o meu quarto para a gente dormir juntos no tapete da sala de estar, depois de tanto brincar. E ah, claro: todas as manhãs, pontualmente ás seis, ele acordava pra esperar o padeiro passar só para comprar meu pão de coco que eu só gostava desse. E por que o meu filho não poderia passar por esse chamego? Eu tenho certeza que se pudesse, meu avô mostraria para ele a força que tem a fé, o tamanho do amor e a molecagem de ser um eterno menino, independente de quanto tempo tenha passado. Meu coração estava apertado e as minhas lágrimas atropelavam uma a outra. Eu só queria vê alguém passando por aquela porta e me anunciando que ele estava aqui, ele tinha vindo me visitar. E não sei se foi força do pensamento, mas a porta se abriu. Uma pena que não para o que eu mais queria nesse mundo! Era só o Lucas a me observar com os olhos vermelhos, com soluços na garganta e com os cabelos bagunçados. Ele chorava, já não estava se privando desse sentimento e talvez estivesse se doendo muito mais por me ver assim. Ele sabia que eu, em hipótese alguma, passaria aquilo na frente dele se eu não tivesse tão fora de mim. Exatamente como eu estou. 
Lucas: Não faz isso comigo, cê não tem noção de como já tá ruim e como fica pior pra mim te ver desse jeito - ele se agachou na minha frente - Eu tô aqui contigo! - ele me puxou para um abraço e eu não conseguia dizer nada. Apenas usei o ombro dele como mais um apoio pra chorar. Eu pensava no meu avô a toda hora. Queria ele a toda hora. Eu sei o quanto isso soava egoísta, eu não poderia culpar ninguém por aquilo, mas eu deveria ter tido pelo menos um momento para me despedir. Para abraçá-lo. Para dizer que eu o amo, mesmo tendo dito isso poucas vezes. Para dizer que eu tinha uma forma diferente de mostrar tudo o que eu sentia por ele. Queria saber se alguma vez ele entendeu. Solucei ainda mais forte pensando nisso, a ponto da respiração ficar difícil e o Lucas me segurou para me olhar, preocupado - Cê não pode ficar desse jeito, Helô! Cê tem agora duas razões para ficar bem... O nosso filho e o querer do seu avô. De onde ele tá, eu sei que ele não quer te ver mal assim. Ele sempre gostou tanto de te fazer rir... - ele falou deixando algumas lágrimas escaparem.
Helô: Eu quero me arrumar - me soltei dele e me levantei com as pernas trêmulas. Talvez o Lucas estivesse me achando frio por não ter expressado com palavras o que eu tava sentindo, mas a minha cabeça já me torturava o suficiente, preferia deixar a minha voz fora disso.
Lucas: Então, vem, vamos! Eu vou com cês - ele se levantou também - Lava o rosto, lava... 
Fiz o que ele pediu e saí de volta ao meu quarto. Coloquei uma roupa simples, a primeira que eu havia visto na minha frente. O Lucas fez a mesma coisa e depois foi olhar o meu armário, provavelmente buscando ver que roupas dele tinha ali para ele poder levar. Só fiz um único pedido: que ele separasse quaisquer peças minhas para levar. Nem aquilo eu queria fazer. Me sentei na cama a observar ele fazendo aquilo para mim, enquanto minha mente voava longe. O choro conseguia ficar preso, mas o meu corpo a todo momento queria se fazer perto do meu avô, não somente das lembranças que a minha mente estava. Eu pensei no meu pai. A gente tinha um jeito tão similar que eu não quero nem imaginar o fato da dor dele estar tão parecida ou quem sabe maior que a minha. Ele e meu avô sempre tiveram uma relação ótima, aberta, exatamente como nós dois temos hoje. Na verdade, se eu e ele nos damos tão bem, foi porque meu pai cresceu aprendendo a ser assim. Ter bom relacionamento com um filho é a coisa mais importante que se pode construir ao longo da vida. Principalmente para um pai, que de certa maneira, tem que batalhar para ter uma relação tão forte com o filho como aquela que ele já vem pré estabelecido com a mãe. Toda a formação que o meu pai tinha, advinha de um grande homem por trás dele: O meu avô, o meu Alexandre. O grande Alexandre. Algumas lágrimas caíram pelo meu rosto, mas assim que vi o Lucas terminar de arrumar nossas mochilas e se virar a me encontrar naquela situação, limpei minha face rapidamente. Ele se aproximou de mim, coçando os olhos e me abraçou de novo. Com força. A fim de me mostrar, mais uma vez, que ele estava ali. Eu queria ter meios para agradecer, mas sei que retribuindo aquela intensidade, ele entenderia. Nosso relacionamento sempre foi muito mais de atitudes do que de palavras, então eu confiava nisso. O celular do Lucas tocou novamente e eu o olhei com cara de curiosidade, afim de saber quem era.
Lucas: É a Rê... Cê quer falar com ela? - balancei a cabeça negativamente e então, ele atendeu, me deixando ouvir só as respostas dele para aquela conversa. Em poucos minutos, ele desligou e voltou o foco a mim - Ela disse que eles vão deixar o carro aqui na garagem e pra ligarmos logo para um táxi que possa nos levar lá no aeroporto. Cadê aquele número do taxista que cê sempre liga?
Helô: Pega ali meu celular, tá na lista, é Roberto Taxista que tá - me pronunciei mostrando meu celular sobre o criado mudo e ele foi lá pegar, para iniciar a chamada. Ligou para o tal taxista, pedindo que viesse em torno de dez minutos e logo desligou.
Lucas: Vamos esperar eles lá embaixo? - assenti e me levantei, pegando meu celular. Lucas pegou as duas mochilas e passou o braço sobre os meus ombros, andando comigo até a sala. Peguei a minha chave, nós saímos, fechei então o apartamento e a gente entrou no elevador para ir pra garagem. Como meus pais já era conhecidos lá do prédio, puderam entrar para colocar na vaga de visitantes e uns cinco minutos depois que paramos lá na garagem, eles estacionaram lá. Caminhamos para mais perto de onde eles estavam saindo e vi minha mãe, saindo do banco do motorista, provavelmente pelo meu pai estar sem condições de dirigir e ele vindo do outro lado, com o rosto baixo e os olhos vermelhos a ponto de conseguir se enxergar de longe. Me desgrudei do Lucas e passei pela minha mãe só com o olhar, indo direto ao encontro do abraço do meu pai. Ouvi o Lucas indo falar com a minha mãe, mas não quis entender o que se passava em lugar algum, além daqueles braços que me envolviam com força e ao mesmo tempo tristeza. Não aguentei o choro e senti que ele também não, quando algumas lágrimas dele alcançaram o meu corpo. Meu pai acarinhava o meu cabelo e a nossa dor parecia uma só ali dentro. 
Helô: Deus te conforte, pai! - foi a única coisa que consegui falar para ele, me afastando um pouco daquele abraço e o vendo passar uma das mãos no rosto.
Sérgio: Ele vai nos confortar! - deu um beijo no topo da minha cabeça e o Lucas, que estava um pouco mais atrás de nós, veio falar com ele, o dando um abraço bem forte.
Lucas: Oh, Sérgio, meus sentimentos! O momento é muito difícil, mas cê é um cara forte, vai passar por essa logo e entender que agora cê ganhou alguém que vai cuidar do cê a todo momento. Deus vai te ajudar. 
Sérgio: Obrigado, Lucas, por tudo! - eles se afastaram e eu senti minha mãe passando o braço no meu ombro.
Helô: Ai, mãe! - a abracei e me senti, mais uma vez, como criança que achava que aquele gesto dela ia fazer tudo de ruim passar. Ela me retribuiu com uma intensidade incrível e sussurrou algumas palavras no meu ouvido, na tentativa de me deixar um pouco melhor. 
Renata: Acalma o teu coração, minha filha! Teu pai e tua avó vão precisar da gente mais que qualquer coisa. Deixa Deus agir em você nesse momento, deixa Ele ser a tua fortaleza. - respirei muito fundo e saí daquele abraço limpando o meu rosto.
Lucas: Acho melhor esperarmos ali no portão o taxista, não? Ele já deve estar vindo 
Renata: Verdade, Lucas, vamos, né? - ela falou olhando para o meu pai que só assentiu com a cabeça e se virou, andando na frente. Fomos lá para o portão do prédio, onde para a espera, me ancorei no Lucas e senti a mão dele fazendo carinho na minhas costas. Não demorou muito para que o taxista chegasse, então coloquei o meu óculos escuro e a gente entrou, pedindo a corrida até o aeroporto. Pegamos um pouco de trânsito, mas isso não foi problema, até porque, quando chegamos lá, descobrimos que o nosso vôo ainda ia atrasar vinte minutos. Nos sentamos numa das cadeiras de lá e o jeito foi ficar esperando. O Lucas ainda foi reconhecido algumas vezes, mas em todas elas se afastava para atender quem o chamava. Numa dessas, senti uma vontade enorme de ligar para a Isa e me levantei, ficando um pouco mais próxima do bebedouro que tinha lá, para ligar pra ela. Estava precisando de alguém que me acalmasse. Ela demorou um pouquinho, mas não deixou a chamada finalizar, conseguiu me atender.
Helô: Isa?
Isabella: Helô? Que voz é essa?
Helô: Meu avô, cara! Meu avô faleceu! - falei com os olhos já todos marejados, mais uma vez
Isabella: Mentira, amiga? O seu Alexandre? Meu Deus do Céu! Não sei nem o que te falar - ela pausou - Onde você tá?
Helô: Tô no aeroporto, a gente vai lá pra Santa Catarina, né?! Não tem mais o que fazer, só que a gente precisa ir pra lá.
Isabella: Seus pais tão contigo?
Helô: Uhum. Eles e o Lucas!
Isabella: Ai, cara... Seu pai tá péssimo também, né?!
Helô: Nem me fala. É tanta dor em tanta gente que é foda até pra falar.
Isabella: Queria muito te abraçar agora, sei lá, fazer qualquer coisa pra não te ver assim. Mas fica calma, por mais difícil que isso seja, tá? Você tem que ser forte, porque você é forte. Seu avô sempre foi uma pessoa muito animada e jamais desejaria ver tristeza das pessoas que ele ama, então, tem que pensar nisso. Agora, sua família e principalmente o nosso bebê que tá aí ganhou um anjo mais que especial pra olhar por ele - é, se eu tava conseguindo conter o choro até esse ponto, agora a Isabella pegou num ponto crucial. Quando vi, as lágrimas já rolavam no meu rosto - Você me promete que vai se cuidar?
Helô: Eu vou tentar - falei com a voz embargada - Obrigada, tá?
Isabella: Não quero que você me agradeça, quero te ver bem. Qualquer coisinha que seja, a qualquer hora, você me liga, ouviu?
Helô: Disso aí você não tenha dúvidas
Isabella: Então tá bom... Boa viagem e fica com Deus! Vai passar, pode acreditar.
Helô: Obrigada, Isa. Beijo! 
Isabella: Beijo, amiga! - ela desligou, com a voz baixa, provavelmente triste pela situação também e eu bebi um pouco d'água para voltar até onde estava os meus pais e o Lucas. Ficamos em silêncio, o assunto não havia ali naquele meio. Graças a Deus, chamaram lá o nosso vôo e então nós nos preparamos para embarcar. Era só o que eu queria: Chegar em Santa Catarina logo. Fui o caminho inteiro acordada, era um tanto quanto óbvio que o sono não chegaria para mim tão cedo no meio dessa confusão. O Lucas, por ora, me trazia para mais perto do corpo dele e me acarinhava, na tentativa de me passar a segurança que eu tanto estava precisando. Quando desembarcamos na cidade catarinense e pegamos o táxi para poder chegar até a casa dos meus avós, a cada passo mais próximo que dávamos, parecia que doía mais. Eu ainda tinha uma esperança, embora soubesse ser totalmente furada, de que ele estaria naquela casa. Quando chegamos, minha mãe quem pagou o táxi, enquanto meu pai saiu mais na frente, com mais pressa, para entrar ali. Fiquei mordendo meu lábio na tentativa de conter a emoção, enquanto meu pai, por mais durão que fosse, já via a limpar seu próprio rosto. Assim que entramos, todos juntos, na casa da minha avó, lá estava ela na sala, sentada, afundada em lágrimas e na companhia da minha tia Jussara, irmã do meu pai. Ele foi direto abraçá-las, enquanto a gente ficou a observar e cumprimentando meus primos, na medida que dava, sem qualquer animação. Tentei não focar muito na situação da minha avó para que não chorasse mais, não queria me sentir tão fraca naquele momento que eu sei que ela precisava de força, sendo que na verdade, eu também estou assim: Em completa fraqueza. Segurei o Lucas na altura da cintura e me encostei no tronco dele, tendo logo seus braços ao meu redor e mexendo no meu cabelo, enquanto ouvia minha avó em completo desespero a repetir Foi tudo tão rápido! Ele estava aqui, em pouco tempo, ele estava aqui. e meu pai mais a minha tia pedindo que ela se acalmasse. Fechei os meus olhos e as lágrimas voltaram a escorrer, não conseguia prestar atenção naquilo, eu só queria vê-lo entrar ali a qualquer momento. Alguém teria coragem de me dizer que tudo não se passava de uma brincadeira sem graça? Minha mãe passou para falar com a minha avó também e eu ainda ouvi a minha tia contando que o tio Edmundo, outro irmão do meu pai cujos filhos já estavam ali em casa, estava vendo já algumas coisas da transferência do corpo e do enterro. Só abri os meus olhos quando o Lucas sussurrou para que eu fosse falar com a minha avó. Me soltei dele e depois de andar um pouquinho, encarando o show, minha tia me deu um espacinho para me sentar do lado dela e só abraçá-la. Sempre tive a minha avó como uma boneca frágil e vê-la naquela situação me dava vontade de pegar todos os cacos, em urgência, para ela não precisar passar por isso. Eles foram companheiros, de uma vida inteira. Dividiram amor, angústias e sonhos. Criaram três filhos e mimaram sete netos de maneira ímpar. Em breve, estava comigo o primeiro bisneto a chegar. E não dava para acreditar que o meu avô não estaria aqui para acompanhar isso. Era dolorido o suficiente para que nem palavras nós conseguíssemos trocar, apenas um abraço de lágrimas e amor. Só saímos uma do abrigo da outra, quando ela sentiu o Lucas se aproximar e abaixar na sua frente, então, indo até o abraço dele. Ele, como sempre, passou-lhe algumas palavras de conforto e também não negou um pouquinho da vontade de chorar, mas logo limpando as lágrimas antes de terminar aquele gesto. Me levantei, dando um abraço na minha tia também e preferi ficar ali, de pé, a observar toda aquela casa e me deixar ser invadida por qualquer boa lembrança dele que vinha. E como eram muitas, seria a melhor maneira de passar por isso. Me perdi nesses pensamentos a tão ponto que só voltei para mim mesma quando o Lucas disse que iria na varanda, ligar para a mãe dele, avisar e tudo mais. Minha mãe se aproximou de mim e pediu a minha ajuda também para que colocássemos as coisas lá no quarto. Fomos até os quartos de hóspedes e eu coloquei a minha mochila e a do Lucas em um, enquanto ela pôs as dela e do meu pai em outro. Me deitei ali na cama, sem qualquer compromisso com nada, deixei as mãos no meu rosto, fechei os olhos e me bateu aquela vontade de rezar. Para que, de onde ele estiver, que pelo menos esteja tudo bem. E que ele saiba que eu sempre vou estar aqui. Rezei e conversei um pouco com Deus, o tempo que o meu coração quis. Eu sabia que aquilo ali já passava de um estado de necessidade, eu precisava de paz. Quando terminei, me sentei para pegar o meu celular e eu estava recebendo muitas coisas, tanto no whatsapp quanto no instagram, o que me surpreendeu, porque eu ainda não tinha falado nada com quase ninguém. Só que quando abri meu feed, logo descobri porque: O Lucas tinha postado algo. Respirei fundo e fui ler aquilo, já me arrepiando só pela foto. 
@lucaslucco Olhando pra essa foto eu enxergo como nós conseguimos ser tão frágeis. Há poucos meses a gente se conhecia, numa festa de ano novo, você nem sabia bem sobre mim e me recepcionou como se fosse da sua família. Um cara que ninguém dizia ter idade, porque a alma era de um eterno adolescente. E eu achava isso lindo! Sabe, seu Alexandre, passei a ficar ainda mais feliz quando podia ir pro Sul, por lembrar que em, pelo menos alguma dessas vezes, eu ia passar na sua casa pra papear, distrair a mente, me sentir mais leve. E agora num súbito, Deus leva você para longe de todos nós. É tão difícil perder alguém! Fico com a sensação de que podia ter vivido mais contigo, ter aproveitado mais nossas conversas, ter nos divertido mais e isso é angustiante. Só que ainda sim sei também que o tempo que estivemos juntos aqui foi o suficiente para eu ter a certeza de que conheci um grande homem e aprendi muito com ele, ainda que em "pouco tempo". Eu queria poder acreditar que nada disso é verdade, eu não queria ter que dar essa notícia para uma das pessoas que eu mais amo, eu não esperava ver tanto sofrimento numa família que hoje eu sei que é minha também. Mas quero te deixar tranquilo: Vou tentar ser forte para ajudar aqueles que você amava a passar por esse momento também. De onde você estiver, eu sei que olha pela gente agora. E o senhor sabe que tem muito mais que um pedaço seu em todos nós. Vá em paz, meu breve amigo! O céu com certeza está em festa! Só quero te dizer muito obrigado  
❤️ 93056 curtiram
lucco_sj Eu não sei quem é, mas acredite: De onde ele estiver, estará contigo!
anasilva_ Me arrepiei com essa imagem  O Céu se alegra por receber mais um anjo!
smilelucco Ai, não fica triste, pelo amor de Deus  
porvocehelo MEU DEUS É O AVÔ DA HELOÍZA!!!!!
porvocehelo LUCAS NÃO DEIXA ELA SOFRER, CUIDA DELA, POR FAVOR 
leticiaferdinando Força!! 
cuidardevocell É o avô da Helô? Meu Deus do Céu, não tô acreditando  
alwayszoca meu sentimentos @heloapollonio estamos sempre com você!
ludepaula Força, Helô! Cuida dela, Lucas... 
promessadolucco Perder alguém é a pior coisa do mundo, mas juntamente a Deus agora tem um anjinho que cuida todos os dias de vcs @heloapollonio @lucaslucco
withlucco Seja forte e que Deus conforte você! @heloapollonio   
teamhelucas Com a Helô não, cara, tô sem palavras  
thislucaslucco Estamos todos com você! @heloapollonio você é especial e agora ganha uma luz ainda mais forte com ele te olhando lá de cima. 
welovelucco É, @lucaslucco, cuida dela porque ela tá precisando muito de você pra passar por esse momento difícil.
karoldolucco Lindas palavras, força pra você e pra Helô  
As lágrimas escorriam em mim como a água que passa pelas pedras de uma cachoeira enorme, daquelas bem que o Lucas adorava visitar. Ele conseguia ser extremamente excepcional e me surpreendia muito esse lado dele, extremamente protetor e cuidadoso com as coisas que aconteciam na minha vida também. Sei que eu preciso agradecê-lo e vou fazer isso em breve! Li alguns comentários e depois fui pro whatsapp, responder algumas das mensagens que tinham lá.
De: Amsterdã  
"Leandro Lucco
Galera...
O avô da Helô faleceu.
Tata Estaniecki 
O quee???
Como é que ela tá?
Gio Serrano
Ai, mentira, Lê?
Tá com notícias dela?
Leandro Lucco
Ela tá no Sul, onde ele e avó dela moravam
O Lucas que ligou agora pra cá
Ela tá muito mal, né?
Depois minha mãe vai ligar pra lá.
Eu também...
Mas é melhor esperar um pouco.
João Folsta
Com certeza, com certeza.
Ela precisa de um tempo pra ela...
Assimilar essas coisas é muito difícil.
Mas Helô...
Se cuida, viu?
Olha esse bebêzinho aí!
Gio Serrano
Depois eu ligo também.
Meus sentimentos, amiga!
Amo você!
Tata Estaniecki 
Helô, confia na oração.
Seu avô tá num lugar bem melhor.
E olhando por você e pelo baby!
A gente te ama DEMAIS!!!!
Bruna Olliveira
Tô em choque pra acreditar...
Mas Helô, 
Seja o que for, chama noix?
Te amo!
Fica com Deus e meus sentimentos.
Obrigada, gente!
Depois eu falo com vocês direitinho.
Mas preciso agradecer real por todas as palavras
Vai ficar tudo bem sim... Beijinhos!!"
Respondi mais as mensagens de alguns amigos próximos, como deu e parei quando vi alguém adentrando lá ao quarto. Era minha mãe! Ela, ainda em silêncio, se sentou ao meu lado, o que me fez bloquear a tela do meu celular e prestar atenção no que, provavelmente, ela tinha a dizer.
Renata: Tá ruim, né? - eu balancei a cabeça positivamente - É tão ruim pra mim perdê-lo também e ainda ter que ver você, seu pai tão tristinhos assim... - ela falou segurando a minha mão.
Helô: Eu vou parecer muito infantil se perguntar, por que justo com ele? Não podia esperar mais um pouquinho?
Renata: Oh meu anjo, o tempo de Deus é tão diferente do nosso! Ele quis assim, quis ter teu avô um pouquinho mais perto... O intuito dEle nunca é causa dor na gente, nós é que somos pequenos ainda para saber lidar com essa dor.
Helô: Eu só queria ele aqui, mãe! - falei já com a voz mais embargada, impossível - Ele deveria vê o meu filho nascer, brincar, crescer. Eu queria que meu avô fizesse todas aquelas brincadeiras com ele, que ensinasse a ser um grande homem, que fosse um exemplo como sempre foi todo mundo.
Renata: Helô, olha pra mim - eu já não estava conseguindo deixar as lágrimas ficarem em mim - O seu avô, de qualquer lugar que ele esteja, vai olhar por você, pelo nosso bebê, por todos nós. Quem sabe ele não se foi para poder acompanhar de forma ainda melhor? A gente não sabe nada sobre a vida, quem dirá sobre a morte. - ela já tinha deixado algumas lágrimas escaparem - Só entenda que ele, como o homem que a gente conheceu, jamais vai nos deixar verdadeiramente. Ele está aqui ó - ela levou a mão ao meu coração - com você e com o bisnetinho que ele tanto ficou feliz em saber que vinha - passou essa mesma mão na minha barriga - Eu não aguento te vê sofrendo assim.
Helô: Fica aqui abraçada comigo?
Renata: Como se eu fosse negar um pedido desse - sequei meu rosto com a mão e a abracei, tentando esquecer ou solucionar qualquer problema ou tristeza ali. Diferentemente das outras vezes, ela ficou comigo por pouco tempo, logo a se afastar e iniciar mais um diálogo - Vamos lá na cozinha? Você nem tomou café que o Lucas disse... Faço uma vitamina pra você.
Helô: Ah, mãe, eu tô sem fome!
Renata: Você sabe que não pode ficar sem comer né, Helô?!
Helô: A questão não é não querer comer, a questão é que eu não consigo. Não tenho um ponto de fome sequer.
Renata: Mas o seu bebê com certeza está... Vamos lá, por favor! 
Helô: Tá! - encarei aquele rosto de pidona dela e a gente se levantou pra sair do quarto, a passar pela sala agora só com alguns dos meus primos e a minha tia, enquanto minha avó e meu pai não estavam mais por lá e o Lucas, assim que chegamos na cozinha, eu o vi.
Helô: Meu pai tá onde?
Renata: Deu um remédio pra sua avó e tá tentando que ela durma lá no quarto, até porque seu tio está chegando para conversar sobre as coisas do enterro e seria melhor que ela nem ouvisse, que ela ficasse a descansar - falou pegando algumas frutas que estavam lá sobre a mesa
Lucas: Quer ajuda para alguma coisa, Rê?
Renata: Não, meu amor, vou só fazer uma vitamina para ela, obrigada! 
Lucas: É verdade, cê tem que comer memo, Helô - ele falou sentando lá na cadeira do meu lado
Helô: Como se eu tivesse fome.
Renata: Mas o filho de vocês tem, não é Lucas? - ela falava como quem precisava de força de alguém para me alimentar
Lucas: Claro! As coisas não tão boas, mas ficariam bem piores se cê ainda arrumasse alguma coisa... Cê tem que se cuidar também, doidinha! - falou pousando a mão em minha coxa e eu apenas assenti, sem dizer nada. O silêncio era inevitável, num momento como esse e naquela casa a conversa parecia não existir. A não ser quando era quebrado por aquele barulho do liquidificador que chegava a dar susto. Mas foi por pouco tempo! Logo fui obrigada a descer goela a baixo, mais uma vez como uma criança, um copão daquela vitamina de banana, maçã e mamão. Eram gostosas, só que sei lá... Desde então, tudo parecia bem amargo! Quando terminei, eu mesma me levantei e fui lavar a louça que tínhamos sujados, sob a atenção do Lucas e da minha mãe, que agora também estava sentada.
Helô: Vou ficar ali pelo jardim um pouquinho, tá?
Lucas: Sozinha?
Helô: No momento, eu prefiro... Preciso... - falei em tom continuativo.
Renata: Qualquer coisa você chama a gente, tá? - passei lá pra fora assentindo, saindo ali pela porta da cozinha mesmo. 
Caminhei até o jardim que o meu avô fazia questão de cultivar. Me sentei ali e era como tentar assimilar, da forma mais difícil, que aquilo ali não seria mais cuidado por ele. Não com aquelas mãos, aquela paciência e aquela maneira calma de enxergar que as plantas traziam muito mais coisas do que as pessoas poderiam entender. Em tempo recorde, ao olhar aquilo, pela primeira vez entendi o que ele quis dizer. Deixei que minha mente fosse teletransportada para vários lugares que ele costumava estar. Seu Alexandre... Gaúcho daqueles que sempre mantinha o bigodinho feito e carregava consigo aquelas balas de café que ele me fez adorar. Sempre que eu estava aqui ele me obrigava a comer uma até que aquilo deixou de ser algo imposto, porém sim prazeroso. Ele também adorava comer! Batia um daqueles pratões sinistros de comida, embora nunca tenha ganhado muito peso. Genética boa que, graças a Deus, deixou para mim também. Nesse ponto éramos tão parecidos que, quando era mais adolescente, sempre fazíamos competição para saber quem batia o maior pratão (tudo bem que eu sempre perdia, mas adorava a diversão que tudo aquilo trazia para nós). Extremamente apaixonado pelo Sul, nunca quis acompanhar essa alma de aventureiro do meu pai. Deixou que ele se mudasse, pela profissão e pelo amor a minha mãe, mas não conseguia sair daqui. Preferia que meus pais viessem e me trouxessem. Queria que seus netos, principalmente eu, por morar mais distante, conhecessem a maravilha que é essa região. Ah, claro, torcedor fanático do Internacional! Posso até soltar alguns sorrisos ao me lembrar da quantidade de vezes que ele me contou como ficou irado quando meu pai optou escolher pelo São Paulo e me fez ser torcedora tricolor também. Parece até que posso ouví-lo a nos chamar de traidores, por sermos os únicos da família que não são colorados. Acho que a paixão pelo futebol foi mais um legado que ele deixou para nós. Fiquei pensando muito na minha infância e consequentemente numa infância que estava para iniciar, bem ali comigo também. Poderia me deixar entristecer e me deixei mesmo, porque meu filho não terá sequer uma lembrança do bisavô. O máximo que pode ouvir foi a voz com já algumas brincadeiras e orações por sua vida, que desde daqui de dentro de mim, já era importante para ele. Só que pela primeira vez nesse dia, eu também me acalmei. Porque meu filho viria sim a conhecer o bisavô. Só que por mim. Pelas história que eu vou e também pelas que não vou contar. Eu sei que meu filho vai enxergar e conhecer o bisavô em mim. E com a certeza disso, eu me afirmo: Fique tranquilo, vô, de onde o senhor estiver, vai me ver ensinando ao seu bisneto tudo aquilo que me ensinaste. Espero que ele escute isso! Flexionei o verbo na segunda pessoa exatamente como seu sotaque mais lindo soava. Só para agradá-lo. Quando me dei conta, mais uma vez, estava imersa a lágrimas e muito provavelmente com o rosto vermelho, visto que minha respiração chegava a estar ofegante. Limpei o meu rosto com as próprias mãos ao mesmo momento que senti um vento passar e carregar algumas folhas que estavam ali pelo jardim. Me arrepiei de forma instantânea e talvez eu realmente estivesse ficando louca. Ou talvez, fosse apenas ele me dando uma resposta do recado que eu havia pedido para ele escutar. Com o meu coração saudoso e ao mesmo tempo mais calmo por aquele tipo de sinal, que para mim pareceu, rezei mais uma vez. Com toda fé que eu tinha a Deus e por todo amor que tinha guardado ao meu avô. Quando terminei, fazendo o sinal da cruz e me levantando, me virei com o Lucas vindo ao meu encontro ali fora e com o meu celular em mãos. 
Lucas: Tá tudo bem?
Helô: Acho que vai ficar, né?
Lucas: Claro que vai, meu amor! Cê tem que acreditar que ele tá num lugar muito melhor agora - deu um beijo na altura da minha testa
Helô: Eu te juro que estou tentando...
Lucas: Olha, minha mãe queria falar com cê! Ela ligou e já falou com a Rê, com o seu pai e disse que me ligaria pelo facetime que ficaria melhor pra falar. Pode ser agora ou cê prefere que eu peça pra ela fazer isso mais tarde?
Helô: Claro que não, pode ser agora sim... Só vamos lá pra dentro?
Lucas: Vamos! - ele pegou a minha mão e nós fomos juntos lá pra dentro, já vendo meu pai a circular pela casa, provavelmente por minha avó ter dormido e entramos no quarto. Me sentei na cama e fiquei esperando que ele, na verdade, chamasse a Karina para poder conversar. Acho que isso seria até bom, tava precisando de pessoas, como ela, que me trazem paz assim. Logo ouvi a voz dela lá e o Lucas se aproximou de mim, encostando nós dois lá na cabeceira da cama.
Karina: Oi, minha linda! Como cê tá com tudo isso?
Helô: Ah... Tá difícil, né? Nunca pensei que fosse estar tanto. Embora eu já tenha lidado com morte de pessoas próximas antes, acho que essa foi a pior... Foi tão... De repente, sabe?
Karina: Esse assunto é muito delicado! Mas fica em paz, peça para que Deus faça isso com o seu coração. Se Ele te trouxer esse sentimento, você entende que seu avô está muito bem agora, em algum lugar, a olha por vocês.
Helô: Ai... Tomara, Ká! - falei levando os meus olhos para cima, na tentativa que as lágrimas não voltasse a cair.
Karina: Helô, por favor, não chora! Já me parte o coração te vê com esse rostinho triste! Eu quero te dá força...
Helô: Tô tentando, eu juro - falei passando a mão no meu nariz - Obrigada, viu?
Karina: Não tem de quê! - ela falou forçando a boca, como se fosse um leve sorriso - O Paulinho teve que sair com o Leandro e disseram para te deixar um grande beijo, mais tarde eles fazem contato contigo.
Helô:Ah, agradece a eles também. Quando eles chegarem, podem me ligar que na verdade eu vou é gostar de ouví-los, tô precisando mesmo.
Karina: Pro que cê precisar essa sua família mineira tá aqui, cê sabe, não é? - assenti balançando a cabeça positivamente - Cê tá precisando descansar, eu imagino, não vou ficar te amolando. Só queria te dizer isso e que cês podem contar com a minha oração, Deus vai recebê-lo de braços abertos.
Helô: Amém! -  falei fechando os olhos
Karina: Ah, quando cê puder, pra entender melhor coisas como a morte, leia um texto de Santo Agostinho. É fantástico pra gente vê como Deus é tremendo e como a pessoa que está lá do outro lado fica a nos cuidar.
Helô: Sério? Nossa, vou procurar, acho que é tudo o que eu tô precisando.
Karina: Sim, faz muito bem! - ela pausou - Fica com Deus então, Helô! Se cuida e todos os meus sentimentos.
Helô: Pode deixar, Ká, muito obrigada por tudo! - ela me mandou um beijo e eu retribui no mesmo gesto, ouvindo só ela se despedir do Lucas também e ele desligar o celular, colocando ali no criado mudo. 
Lucas: Deita aqui um pouquinho, vem - ele falou deslizando lá na cama e deixando o braço livre para que eu fizesse isso. Me deitei com ele, então e senti seus dedos se embrenharem em meio aos meus cabelos - Quer conversar, sei lá? - ele falou com aquela voz de quem queria fazer qualquer coisa por mim, mas ainda não sabia o quê.
Helô: Na verdade, nem eu sei o que eu quero... - virei um pouco do meu pescoço para olhá-lo melhor
Lucas: Tudo o que eu menos queria era te ver assim, disso eu tenho certeza. Eu sinto tanto com o que tá acontecendo...
Helô: Eu tô tão perdida... - comecei em tom de desabafo e ele me olhava, atentamente, a me ouvir - Estar aqui no mesmo tempo que o meu avô não é muito ruim. Eu fico pensando em tanta coisa! Por que ir tão de surpresa? Por que pelo menos não esperar pelo nosso filho? - falei já com as lágrimas caindo, por eu estar deitada e a ver o Lucas com os olhos a marejar
Lucas: Me corta tanto o coração te ver assim, meu Deus - ele disse bagunçando o cabelo com a mão que estava livre - Infelizmente, Helô, a gente nunca vai ter resposta pra isso. Se eu pudesse, deixava ele aqui com a gente pra sempre, pra vê nosso filho crescer e pra contagiar todo mundo com aquele jeitão dele. Só que a vontade de Deus é uma coisa muito além da nossa, sabe?
Helô: Eu sei e ao mesmo tempo não queria saber. Me dá vontade de questionar tudo, de gritar pra vê se vai embora logo de uma vez essa tristeza.
Lucas: Cê tem que aceitar e tentar vê isso da melhor maneira possível, por um caminho que não te dê essa sensação. Pense o quanto agora ele vai cuidar do cê? Agora não tem distância de lugar, de nada... Ele vai tá lá em cima a todo momento fazendo o que ele mais adorava, que era te proteger. E vai fazer isso por muito mais vezes depois que nosso filho nascer! Ás vezes, Deus o levou só pra ele ter uma visão privilegiada desse momento. 
Helô: Ai - arfei me afundando no peito dele - Eu queria ele aqui, só isso.
Lucas: Ei, olha pra mim - ele falou me fazendo corresponder ao seu pedido - Lembra do que cê me disse quando a Karlinha virou uma anjinha também? Cê disse que nós deveríamos ser menos egoístas e pensar no bem estar da pessoa que foi também. Então, doidinha, cê tem que pensar que ás vezes, isso foi o melhor pra ele. O tempo de vida dele aqui foi cumprido de forma linda e deixou coisas incríveis pra todo mundo que tá aqui.. Pra mim, pro cê, pro nosso filho que vai ouvir muito falar dele, pra sua avó, pro seu pai, pra sua família inteira. 
Helô: Agora eu tô vendo que quando acontece com a gente é tão mais fácil falar...
Lucas: Então vamos fazer o que cê fez comigo também? Rezar para Deus agir na gente e em todo mundo que tá sentindo essa perda? Pedir também pra que Deus o receba de forma maravilhosa? - assenti e entrelacei minha mão na dele, quando começamos a rezar um pai nosso quase que em única voz, de tamanha sintonia. Quando terminamos, ele continuou a falar - Cê ouviu o que minha mãe disse do texto de Santo Agostinho, pro cê ler? Quer que eu procure aqui pra gente entender isso juntos?
Helô: Sua mãe é uma pessoa tão capaz de passar calma que eu quero sim! Ás vezes é tudo o que eu tô precisando - ele pegou lá o celular dele e procurou, em pouco tempo, esse tal texto.
Lucas: Vou ler, tá? Cê fecha os olhos e compreende tudo que aqui está escrito - fiz o que ele pediu e em pouco tempo sua voz traduzia aquela mensagem - A morte não é nada! Eu somente passei para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. Me dêem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos.Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim. Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado. Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou ao outro lado do Caminho... Você que aí ficou, siga em frente,a vida continua, linda e bela! Como sempre foi. - era impossível não chorar só que, sei lá, diferentemente das outras vezes, isso acalentou um pouco do tumulto que estava em mim. Parecia até que era o meu avô quem estava recitando essas palavras por tamanho alto astral. Talvez, de fato, ele só quisesse que nós encarássemos a sua partida com um pouco mais dele, ou seja, com quase nada da tristeza que não fazia parte de nem um por cento da sua forma de viver. 
Helô: Obrigada por tá aqui comigo e ser tão... companheiro, viu? - falei assim que abri meus olhos.
Lucas: Cê lembra de eu cuido de você e você cuida de mim, né? Então.. Isso não vai mudar! - ele tentou abrir um sorriso o que gerou um, bem fraco, em mim também. Colamos nossos lábios sem pressa e quando ele terminou, me estiquei um pouquinho para pegar meu celular. Lucas não disse nada sobre o que eu estava fazendo e eu resolvi procurar algumas fotos com o meu avô na minha galeria. Embora não fosse muito boa com as palavras, estava procurando qualquer meio que pudesse aliviar um pouquinho toda aquela loucura. Achei duas das que tínhamos tirado da penúltima vez que estive aqui. Vim passar um final de semana, aproveitando que o Lucas teria um domingo pra cumprir show aqui e foi tão engraçado. Tínhamos até dormido juntos na sala a tarde e eu tinha algumas fotos ali. Selecionei duas e editei para enviar ao instagram. 
@heloapollonio Pensar que eu te perdi me faz sair de mim. Eu me lembro de tudo o que passamos juntos e todo o esforço que você sempre fez para me ver feliz. Desde pequena, era por mim que você levantava ás seis só para comprar  o pão que eu gostava e que só passava aquela hora. Quando fui crescendo, o senhor passou a ser aquele implicante que ficava adorando me irritar, mas mesmo assim, no fundo era apenas um mecanismo que você tinha para me ver sorrindo. É, o senhor sabia que no final eu nunca ficava brava de verdade, eu sempre caía em risos. Durante todo esse tempo, você ficava me falando: "Helô, não desacredita no amor, teu coração é grande e cabe muita coisa aí dentro" nas vezes que eu era incapaz de dizer um "eu te amo". Não me arrependo de tê-lo dito isso poucas vezes, pois sei que te provei durante todo o tempo de sua vida, mas quero te dizer hoje que o senhor estava um pouco errado. Eu sou pequena! Pequena pra todo amor que eu guardo por você, pequena pra aguentar toda essa dor que é não te ter mais aqui. De todas as coisas que eu já passei na vida, essa era a única que eu queria ter o poder de mudar. De onde você estiver, saiba que o meu coração vai estar contigo. E eu vou ensinar ao seu bisneto todas as coisas, tão valiosas, que você me trouxe. Eu te amo por muito mais tempo que essa vida aqui na Terra pode medir  "E seja lá onde for, me olhe por favor, não posso tocar sua pele, mas eu sinto seu amor! É foda, quando o sentimento se solta... Eu não vou culpar Deus, o mundo é dos espertos e lá no lugar dEle eu também ia te querer mais por perto!"
❤️ 24345 curtiram
julianaavilar força, princesa! Acredite: Deus sabe de todas as coisas  
gioserrano TE AMO! 
rafaella Todo mundo aqui de casa de manda muita força  se cuida, por favor!
forlucaslucco estamos com você!! Fica com Deus!! 
gabrielmedina Meus sentimentos, Helô! Que nosso Senhor conforte seu coração. Mais tarde te ligo pra saber como você tá. Fica bem  
elaineoliveira chorei muito forte com esse texto  Você é especial e seu avô agora olha por você. 
camilasenna meus sentimentos, Helô! 
amorloucco é tão ruim vê uma pessoa tão divertida como você triste assim... Seja forte!
camisdolucco força, linda, vai dá tudo certo! 
candantas do Senhor vem a tua força! Qualquer coisa, me liga  
alinejanuario_ tô com você pra tudo, tenta ficar bem, meu amor!
sorriaheloiza É muito ruim te ver assim... Hoje eu só quero dizer que te amo! 
judealencar Minha oração está contigo e com sua família. Deus vai agir em vocês!
cacaparra Ah cara  amo você! Se cuida. 
Li pouco dos comentários, mas bloqueei a tela para limpar o meu rosto e senti o Lucas me puxando de novo para mais perto dele.
Lucas: Para de se martirizar com isso, por favor
Helô: Vou parar...
Lucas: Fica aqui, tenta descansar um pouquinho que daqui a pouco eu te chamo pra almoçar.
Helô: Mas...
Lucas: Não tenta contestar - ele me interrompeu - Eu vou ficar aqui contigo! - ele voltou a fazer carinho nos meus cabelos e eu afaguei ainda mais minha cabeça no seu braço, pois mesmo que não dormisse, ali eu conseguia me sentir um pouco mais em paz.

[...]

Loucos e longos sete dias se passaram desde a morte do meu avô. Não dá para explicar o quão desesperador foi o seu enterro e como foi quando voltamos para São Paulo. Por enquanto, meus tios tem cuidado mais da minha avó, por morarem lá por perto, mas meu pai não fica um dia sequer sem ligar. Está ainda muito difícil para ela lidar com tudo isso e com aquela casa, ainda que não fique sozinha hora alguma, sem ele. Meu pai está decidido a voltar a trabalhar nessa semana, tentar se recompor e seguir com a vida, mas em todos esses meus anos de vida eu nunca me vi tão distante daquela imagem que eu tinha dele. Meu pai sempre foi o Serjão. Cheio de vida e de graça, bom humor a esbanjar. Desde a partida do meu avô, ele anda visitando a solidão da maneira que pode e se tornando cada vez mais fechado. Minha mãe está dando graças a Deus por ele querer voltar ao trabalho, pois sabe que só com algum meio de distração, ele irá aprender a transformar toda essa dor em saudade. Quanto a mim... Bom, a situação por cá também não está das mais fáceis. Perder meu avô como num súbito tem abalado toda e qualquer estrutura que eu poderia ter. E não sei se pelo excesso de sentimentalismo na gravidez, superar tudo isso está difícil. Mais do que em qualquer outra vez e tempo. Eu estou sem ver o Lucas desde sexta, pois ele estava a encarar um final de semana inteiro de shows, mas não me deixou sozinha um minuto. Estava sempre ligando para saber se eu tava comendo, dormindo e me cuidando. Ou melhor, nos cuidando. Além do que, no sábado a Tata foi lá pra casa ficar comigo, no domingo foi a vez da Isabella e do Nick e na segunda, como a Karina, o Paulim e o Leandro viriam pro Guarujá, nós descemos juntas e eu passei o dia na casa do meu pai. Até porque, terça feira viria a missa de sétimo dia que meu pai tinha pedido, encarecidamente, lá na igreja onde frequentávamos para que colocasse o nome do meu avô em oração. 

[...]

Depois da missa de sétimo dia do meu avô, com direito a nos reservar mais um pouco para sentir a dor da saudade e dedicar toda e qualquer oração pelo bem estar dele, de onde estiver, eu decidi ir para São Paulo pra ver como tava meu apartamento, tomar um banho e depois voltaria até a casa dos meus pais. Como o Lucas teria uma entrevista em rádio para fazer aqui mesmo pela capital, para que eu não ficasse sozinha no apartamento, o Leandro veio com a gente também. Assim que chegamos pelo apê, eu fui direto tomar meu banho e saí vestindo uma roupinha mais folgada, me sentando na cama do meu quarto, onde o Leandro estava.
Leandro: Cê tá se sentindo bem mesmo?
Helô: Tô... Essa cara aqui é a que tá mais normal pra esses últimos dias.
Leandro: Hoje, pela data, pela missa vai ser normal cê ficar assim, mas não tem que ser o de todo dia. Transforma essa saudade numa razão para continuar aqui por ele, Helô!
Helô: É tudo que eu mais tenho tentado fazer, de verdade.
Leandro: Então tenta mais um pouquinho! Aí sim ele vai se alegrar por demais lá do Céu, pode acreditar! 
Helô: Eu sei disso! Tem que passar, né?
Leandro: Ou pelo menos amenizar. Se todo mundo adora o seu bom humor, a sua alegria, imagina como ele vai ficar ao te ver sendo assim de novo? - ele veio e me deu um abraço forte, me deixando retribuir daquela mesma maneira
Helô: Obrigada, Lê, de verdade!
Leandro: Então eu também posso tomar um banho e depois a gente faz alguma coisa pra comermos? Eu tô dando um de Heloíza e tô ficando com fome já - falou me causando um risinho
Helô: Só vou perdoar porque a gente tomou café super cedo pra ir pra missa, viu? 
Leandro: Como cê é gentil, meu Deus! - acabei rindo com ele que logo depois disso pegou uma toalha para ir lá tomar um banho, enquanto eu me sentei lá na cama mexendo no celular. Ainda eram 11:35 da manhã e eu fiquei, depois de atualizar o meu feed, a olhar minha galeria, encontrando uma foto minha lá e decidindo postá-la. Ainda que estivesse péssima, por ser bem recente, eu estava esses dias, praticamente todos, afastada das redes sociais.
@heloapollonio Acham que eu enlouqueci, perguntam de você pra mim e eu tento dizer que está tudo bem... Estou igual, vivendo o irreal! Perguntei do final pras flores, as flores são parte do total, já se tornou banal me sentir mal, me sinto mal! As cores lá fora me disseram pra continuar e elas me disseram pra continuar e eu já superei... Mas eu queria as suas mãos nas minhas, revelar as fotos que tiramos e ninguém sabia da sua partida  #7diasdesaudade 
❤️ 24139 curtiram
natabranches Deus te dará força todos os dias, apenas confie!
dreamlucco tava com saudade de você por aqui, mas é tão ruim te ver com essa carinha triste...  
foreverlucco Força, meu amor! 
porvocehelo Tão ruim não te ver sorrindo  te amo! 
allanacorrea vai ficar tudo bem, não tenha dúvidas disso!
cariocaslouquetes Helô, estamos contigo nessa! Conte com a gente  
portallucco Seu avô estará com você em todos os momentos! Não duvide 
sorriaheloiza tava com tanta saudade...   se cuida! 
luizaportella tudo passa... Confie em Deus!
dreamlucco Deus está com você, Ele te dará forças para superar!
brunasampaio essa música é tão triste  
gabimachado Muita luz pra ti, Helô!
heloapollonio Obrigada por todas as mensagens, galera! Não só as de hoje. Beijos  
Logo que fiz esse comentário, fiquei lendo um pouco mais do que as pessoas estavam colocando, até que vi o Leandro abrindo a porta do meu banheiro.
Leandro: Vamos pra cozinha?
Helô: Quem vê até pensa que sabe cozinhar - falei bloqueando a tela do meu celular e ele riu
Leandro: Mando muito bem, cê num viu nada! Vambora, garota! - eu levantei lá da cama seguindo essa disposição toda dele e a gente foi indo pra cozinha
Helô: Como assim eu não vi nada? A última vez que eu fui deixar tu fazer alguma coisa lá em Amsterdã, a gente quase foi é preso porque tu ia colocar fogo no quarto - ele riu e dessa vez foi impossível que eu ficasse séria também, esse episódio da viagem foi o mais engraçado
Leandro: A culpa não foi minha, aquele micro ondas lá que estava velho, que que cê quer que eu faça?
Helô: Mentira! Tu ia explodir o micro ondas se eu não tivesse desligado!
Leandro: Que exagero! A única coisa que queimou foi oliebollen
Helô: Queimou não né?! Explodiu também! - ele riu
Leandro: Tô só lembrando do cê puta limpando o micro ondas todo.
Helô: E você ainda é cara de pau de lembrar disso! Nem me ajudou! 
Leandro: Se eu fosse te ajudar, ia era derrubar aquele negócio todo, não tava aguentando de tanto rir
Helô: Eu ainda fui chamar o pessoal pra vê a desgraça que tu arrumou, a Bruna que quase derrubou tudo lá - ele ria e eu tentava acompanhar, porque as lembranças de fato eram divertidíssimas
Leandro: Viu? Cê quis me sacanear e acabou tendo uma ajuda que quase deu mais prejuízo
Helô: Ah ou! Depois desse tempo tu nem pode reclamar!
Leandro: E no final, tudo terminou em? Pepernoten, como sempre
Helô: Acho que isso era a única coisa que a gente sentava pra comer bem, né? 
Leandro: Também, era o único que a gente nem precisava fazer, era só ir no mercado - rimos - Ai, bons tempos...
Helô: Nem fala, dá tanta saudade!
Leandro: Uhum! A gente pode continuar relembrando isso, mas vamos colocar as mãos na obra também, porque falar de comida só me dá mais fome
Helô: Tá, a gente até pode, desde - levantei o dedo pra ele - que você não exploda minha cozinha - ele riu e eu acabei acompanhando.
Nesse clima tão maravilhoso de tanta nostalgia do nosso tempo em Amsterdã e rindo a beça de nós dois na cozinha, eu acabei esquecendo um pouco dos problemas. Acho que o Leandro tinha razão a respeito do quanto o meu avô iria gostar de me ver feliz. Eu precisava tirar um pouco do foco daquela tristeza, daquela saudade, sabe? E o Leandro era uma das pessoas mais certas pra fazer isso. Sabia como poucos! Depois de muito discutir, acabamos optando por fazer logo algo para gente almoçar, porque como marcamos de esperar o Lucas pra voltar ao Guarujá, ninguém lá ia esperar a gente para essa refeição. E nem nós íamos aguentar de fome! Graças a Deus encontramos massa de lasanha e a gente fez uma maravilhosa! O cheiro estava incrível e quando tiramos do forno parecia melhor ainda. Eu fiquei pondo a mesa, enquanto ele cortou pedaços para os nossos pratos e nós nos sentamos. Só que diferentemente de como eu estava me sentindo quanto ao cheiro, assim que provei me veio um enjoo enorme. Minha boca começou a salivar muito e eu me levantei, com pressa, até a geladeira para pegar um copo d'água.
Leandro: Helô? Que que tá acontecendo? - falou empurrado já a sua cadeira para se levantar
Helô: Eu tô com muito enjoo - bebi a água lá e quando coloquei o copo na pia, me veio a tontura
Leandro: Cara, seus músculos tão tremendo - ele chegou já segurando o meu braço - Vem cá, senta aqui! - ele disse, em tom meio desesperador, me levando até a cadeira novamente - Cê tá muito pálido!
Helô: Leandro, por favor, pega a chave do meu carro e vamos até a emergência aqui perto.
Leandro: Ai meu Deus! - ele levou uma das mãos a cabeça - Onde é que tá? - ele ficou rodando lá na cozinha
Helô: Tá no meu quarto, vai lá pegar
Leandro: Fica conversando comigo, por favor, cê não pode desmaiar - ele foi lá pro quarto falando e eu correspondendo a tudo o que ele falava. Queria deixá-lo tranquilo, mas eu mesma não estava tanto assim. Embora estivesse me sentindo fraca, acho que não chegaria a ponto de desmaiar.

Olá, meninas! Primeiramente, me desculpem pela demora. Vocês sabem que eu não sou de demorar tanto tempo assim, mas realmente essa semana foi puxadíssima. Preciso contar que voltei a treinar e tô na merda sinistraaaa!! Hahahahaha. Mas enfim, hoje é sexta feira e o tempo fica um pouco mais folgado, graças a Deus! E ah, vem feriado por aí, né? Então, acho que dá pra gente compensar se rolar muiiiitos comentários. Como na última postagem, alias. Muito obrigada por todos!
Quanto a esse capítulo... Triste e tenso, né?! Tentei escrever da melhor maneira possível, embora não seja tão boa na área dramática (sempre me sinto ridícula fazendo isso), mas acho que também é necessário. Podem confiar em mim que no próximo capítulo começa a surpresinha que vocês tanto estavam afim! Vai dá tudo certo! Me digam, por favor, o que acharam!
Beijos em todas e bom final de semana! 

28 comentários:

  1. O capítulo ficou super triste mais está super lindo ! O Lucas cuidando dela é lindo .. Você tinha q parar bem nessa parte ? Rsrrsrs
    Super ansiosa para o próximo capítulo

    ResponderExcluir
  2. Que capítulo foi esse ? Maravilhoso !

    ResponderExcluir
  3. PROCURANDO MEU EMOCIONAL.... Poxa, chorei com esses textos do insta ... dá até dó pensar que um dia isso aqui vai acabar :/

    ResponderExcluir
  4. Ai que capítulo triste meu pai..E esse final hein?! Ainda bem que tem surpresa e, espero que só boas ta. Amei ver meu Colorado na fic, só não entendo como Serjão e Helô viraram tricolor, com a família toda sendo do melhor time, kkkk. Mas entendo ninguém é perfeito, hahaha. Glória que tem feriado. Ansiosa para o próximo. Bjs!

    ResponderExcluir
  5. Caracaaaaaaa, para tudo Gabi, eu chorei horrores, to até agora chorando pelo avô da Helô, e tipo n paro de chorar, esse capitulo foi um dos mais emocionantes que já li, to louca pra saber a surpresa viu? Posta logoooo

    ResponderExcluir
  6. Não existe mais emocional depois desse capítulo, na boa. Eu já chorei lendo Fanfics, mas com esse capítulo eu chorei ele inteirinho, não tinha como não chorar. Ainda mais que me lembrei de uma perda bem recente e chorei mais ainda e ainda tô emocionada. Mas ficou FODA! E a força que o Lucas deu e não só ele como todos à volta dela também. E sem contar que esse final me deixou sem palavras... Cara, assim... O que está acontecendo com essa gestante? Que tudo fique bem e não seja nada mais que um susto!

    É sério, a Fanfic é perfeita! É a ficção mais chegada da realidade que eu já li. Continua logo? Pfvr?


    PS: Sou uma pessoa bem ansiosa e quero muito que a barriga cresça mais e eles descubram o sexo. Tô louca já kkkkkkk

    ResponderExcluir
  7. Chorei alguns rios aí emmm.. haha.. continua, to curiosa!!

    ResponderExcluir
  8. Chorei tanto nesse cap, tava até com a toalha na mão, juro :( da vontade de chorar mais só de saber que um dia vai acabar. :/

    ResponderExcluir
  9. Que surpresa é essa? tô curiosa kk

    ResponderExcluir
  10. Sem duvida o capitulo mais triste e mais emocionante da fic até agora.Sensivel demais pra aguentar um capitulo desse sem chorar.Continuaaaa logo e não me faz chorar assim não gabs.

    ResponderExcluir
  11. Puta que pariu.. Esse capitulo mexeu tanto comigo, passei por algo parecido com o que a Helo passou com minha vó e esse capitulo me tocou de uma forma. Não canso de elogiar a maneira que você escreve! Parabéns, serio!!!! E sobre esse passar mal da Helo vem gravidez de risco por ai? To curiosa hahahahahaaha

    ResponderExcluir
  12. Você supera em cada capítulo

    ResponderExcluir
  13. Pqp eu to morrendo de tão chorar, você me supera cada capítulo, você é a melhor

    ResponderExcluir
  14. Como conter a emoção depois de ler esse capítulo :/ ver a Helô tão frágil assim me deixa tão triste ainda bem que ela tem pessoas maravilhosas ao lado dela pra ajudá-la a superar essa fase que não é nenhum pouco fácil de se superar mais ela vai conseguir ,e sobre esse enjoo seguido por esse mal estar to com o coração na mão tadinha da minha Helô e mais uma vez você me encantando com cada capítulo beijos Gabs !

    ResponderExcluir
  15. Caraca ! Você sempre nos surpreendendo. Continua !

    ResponderExcluir
  16. Coisinha o que foi isso?!Esse capitulo mexeu demais com a minha emoção,graças a Deus não passei por isso,fico imaginando e dor que deve ser mesmo numa fanfic,da pra ver o sofrimento,sem comentários pra tu isso,agora to mais preocupada com a Helô,tomara que não seja nada grave,ate a próxima

    ResponderExcluir
  17. Sinceramente não teve como eu ler esse cap e não solta uma lagrima se quer. Pelo contrario foi até dificil pra mim ler. Pois mais chorava do que lia. Pois lembrei de quando perdi meu avó materno. Faz um tempo mais ainda doí a saudade. Mas a gente supera. :)
    to amando a fic. Não demora muito pra posta não pq eu fico louca. Kkk bjão

    ResponderExcluir
  18. Gente acho essa menina que escreve a fic muito simpática, só pelas respostas e pelo comentário ao final de cada capítulo! Alguem me fala o nome dela, ou alguma rede social?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá! Tô nas redes sociais com contas para o Lucas: amorproibidofic, no twitter e forlucaslucco no instagram. Me chama em alguma delas que a gente conversa. Brigadão! Beijos

      Excluir
  19. Quero logo o próximo capítulo ! Ansiosa

    ResponderExcluir
  20. Como faz com a curiosidade ? Ta lindo o blog

    ResponderExcluir
  21. mds que capitulo foi foi triste mas ao mesmo tempo lindo vendo o lucas cuidando dela nem me pergunte onde esta o meu emocional pk nem sei se ele ta aqui ainda e desculpe por ter ficado ausente de comentarios mas agora estou de voltaaaaaaa tah e sempre amando sua fanfic e a parabens de novo vc merece por isso o lucas te seguiu bjss até oproximo cap

    ResponderExcluir
  22. Ai gente que amor esse capitulo, quero mais uns mil não quero que acabe nunca essa fic kkkkkk

    ResponderExcluir
  23. Leitora nova !!
    Parece que vc tem o dom de nos deixar na curiosidade rsrs

    ResponderExcluir
  24. Sua fic é maravilhosaa!! Você sabe o que aconteceu com a Marcelle? Ela sumiu

    ResponderExcluir
  25. Impossivel ler esse capitulo sem deixar uma lagrima cair, terminei de ler agora esse capitulo perfeito, fiquei sem tempo por causa da viagem. Continua, bjs.

    ResponderExcluir
  26. Anemmm, to ansiosa pro proximo, esse foi mais um maravilhoso! Que dozinha da helo e o lucas sendo um fofo como sempre hahaha

    ResponderExcluir