terça-feira, 26 de maio de 2015

Capítulo 83

Hoje já é quinta feira e esses dias que passaram foram, literalmente, péssimos. Nunca pensei que fosse dizer isso bem no começo dessa jornada na vida a dois, mas não teria outro meios de expressar. As brigas constantes entre mim e o Lucas se tornavam acada vez mais por motivos banais. Chegamos ao ponto de ontem nos estressarmos pela toalha molhada que, mesmo sabendo o quanto eu odeio isso, ele ter deixado sobre a cama. A gente sempre foi de ter briguinhas por opiniões displicentes, mas raras foram as vezes que as situações nos obrigavam a ficar tão longe um do outro. Isso nunca foi comum. Tenho pensado muito se a questão do peso de um casamento, de ter uma família tem pressionado de forma errada sobre nós. Essa, muito provavelmente, seja a única opção, embora não tenha grandes soluções para responder. E pelo visto, nem ele. Não temos mais sequer um assunto e nem a gravidez vem sendo algo estimulante para nos juntar. Na verdade, me sinto cada dia mais distante dele e isso vem sendo uma consequência para o relacionamento do Lucas com a bebê também. Vira e mexe ele ainda fala alguma coisinha com a minha barriga, mas raramente a beija ou acaricia, talvez por ter que passar por mim para fazer isso. E numa situação onde a palavra quase não existe, o que dizer do toque? Acho que somos tão diferentes da maioria dos casais que ao invés de estarmos tendo crise dos 7 anos, estamos tendo do 7 dias, porque sim! Mas... Falando em casamento, tirei esses dias da semana para ficar o máximo longe de casa possível e fui vendo bastante coisa da nossa festa. Fui vê alguns detalhes dos convites na Scards, fui com a minha mãe vê algumas opções de buffet (e nossa, melhor hora, porque a gente fica comendo sem parar pra provar as coisas) e ainda visitei a primeira loja para vê o vestido. Essa é a parte mais complicada, porque além de não me achar nada bem dentro de uma peça enorme e branca, eu ainda vou ter que fechar com alguém que vá fazendo alguns ajustes ao longo dos meses, em função da gravidez. Então... Pouca coisa decidida, mas muita delas já vista, faltando mesmo só terminar de escolher e fechar o contrato para ir pra segunda parte de tudo isso.
Enfim, hoje o Paulinho veio para cá, mas ficou o dia inteirinho fora com o Lucas, o ajudando a ver algumas coisas no estúdio e eu tenho pra mim que mais alguns detalhes do casamento também, embora nenhum dos dois tenha me falado nada. Passei o dia lá na Conteúdo Artístico, que eu fui matar a saudade e visitar as amigas, e agora a noite estava nas preparações para o show do Lucas. Ele iria se apresentar aqui em São Paulo e isso foi mais uma coisa que estimulou o Paulinho a vir e ficar até amanhã. Tirei uma foto da minha barriguinha, que tava muito fofa enquanto eu estava sentada e me levantei, editando e postando, inclusive com uma legenda fofa, embora o Lucas não tivesse merecendo.
@heloapollonio Indo ver o papai!  
❤️ 33943 curtiram
usmilelucco ai que vida  
doidaspelolucco essa legenda, talvez eu esteja morta!
amandalopes muita saúde pra vocês!
titaniumzoca barriguinha que não para de crescer  tá muito linda!
leacustodio socorro, quero muito te ver!!! 
porvocehelo mamãe mais linda dessa vida! 
raridadelucco que amor essa legenda, socorro
maritelesforo quero beijar essa barriguinha  
llmypride meus amores: Olívia e @lucaslucco  
playlucco você vai tá lá, me ajudaaaaaa!! Quero te abraçar!! 
luccaina muito amor por vocês! @lucaslucco @heloapollonio #VemOlívia
jotace520 essa bariguinha tá linda hein, Helô? Saudade!
dritoscco passa muito rápido, gente  
conexaolucco "ver o papai", ai meu coração  
Nem li os comentários, passando em frente ao espelho para retocar o batom e fiquei pronta, saindo lá do quarto para descer. Encontrei o Paulinho lá na sala, colocando os sapatos, enquanto o Lucas tava de pé concentradíssimo no celular. 
Helô: Estou prontissima, senhores!
Lucas: Opa - ele falou como quem terminava de digitar alguma coisa lá - Então vamos, né? - enfim, trouxe seus olhos até a mim.
Paulim: Vamos! - ele colocou as mãos nos joelhos e levantou - Apenas preciso refrisar o quanto cê está linda! 
Helô: Que a Karina não me escute, mas eu estou quase trocando o filho pelo pai - o Lucas ficou me olhando, talvez ouvindo aquilo como uma indireta sim, enquanto eu e o Paulinho caíamos na gargalhada até que o próprio não aguentou e riu conosco - Mas vamos? Não quero tomar culpa de atraso do cantor aí - o Paulim por lá, pelo menos, dava uma amenizada no clima todo que estava entre nós. Tudo ficava pior quando estávamos sozinhos.
Lucas: E nem vai, vambora! -  ele pegou a chave do carro e nós fomos até a garagem lá do nosso prédio, indo em direção ao carro dele. 
Helô: Vai na frente com ele, Paulim! 
Paulim: Que isso, cê pode ir.
Helô: Não, deixa que eu vou atrás que é bom que eu estico as pernas. Essa altura da gravidez e eu já tenho que ficar de olho pros meus pés não inchar - ele riu e eu passei lá pro banco de trás, enquanto ele entrou no de carona. 
O Lucas ligou o rádio lá e a gente seguiu até o Centro de Tradições Nordestinas ali em São Paulo mesmo. Enfrentamos o trânsito normal daquela cidade e quando chegamos até a localidade, os sorrisos começaram só pela quantidade de gente que tinha lá. Estacionamos e assim que saímos, encontramos uma galera que foi nos parando, mas respondemos todos com muita simpatia, tirando foto com quem pedia e enfim conseguindo passagem para chegar até o camarim. A galera da equipe estava, praticamente, toda lá e nós cumprimentamos todo mundo até nos acomodar. 
Alê: Pedimos especialmente pro cê, porque sabemos o quanto cê ama as uvas dos camarins - ele falou me entregando um pote de uvas verdes
Helô: Mentira?! - falei abrindo maior bocão, incrédula real - Você é o melhor, para o mundo! Obrigada!
Willi: Saiba que isso é só porque cê tá grávida, quando o bebê sair, acaba a boa vida
Helô: Fica na sua aí, mozão - a gente riu
Helô: Nossa, isso aqui tá muito bom, num sei o que eles fazem que todo camarim as uvas são docinhas, meu - falei comendo e de fato, estavam maravilhosas!
Wteykson: Agrotóxico
Helô: Cruz credo, vira essa boca pra lá - eles riram e antes que eu pudesse continuar meu pensamento, abriram lá a porta pedindo licença e eu quase cuspi os caroços de uva em forma de bala pra fuzilar aquela moça que estava entrando no camarim.
Aninha: Licença, gente! Posso entrar? - não sei pra quê perguntou, porque ela já estava lá dentro do camarim.
Lucas: Eita! Falou e veio memo, hein? - ele foi cheio de sorriso abraçá-la
Aninha: Já viu Ana Paula Guedes mentir, rapaz? - eles ficaram rindo - E gente, desculpa, nem falei com ninguém... Boa noite! - um pessoal lá ainda respondeu, mas eu aproveitei que tava comendo as uvas e fiz a egípcia real, fingi que nem ouvi.
Lucas: Mas e aí, como é que cê tá?
Aninha: Tô bem e você?
Lucas: Tô bem também... Trabalhando muito, né? Mas tá normal!
Aninha: Tá certo! Eu também... Tô aqui em Sampa a trabalho mesmo, mas como só volto amanhã pro Rio, vim dá uma passadinha aqui.
Lucas: Fez mais que certo, a gente tava precisando memo se vê! - ele pausou e se virou - Helô, vem cá! - não, o Lucas não estava fazendo isso - Helô? - ele me encarava e eu ia ter que ir lá mesmo. Levantei, então, e antes de seguir pra lá, coloquei o pote em cima do banco que eu tava sentada - Ó aí minha neném, Aninha! 
Aninha: Nossa, a barriga dela já tá grandinha a beça, hein? É Olívia, né? 
Lucas: Uhum, vem a princesinha por aí
Aninha: Tá linda! - ela falou sorrindo e quando ia colocar a mão na minha barriga, eu dei um passo para trás.
Lucas: Heloíza! - ele olhou para mim, me recriminando absurdamente
Helô: Tudo tem limites, né? - virei lá voltando aonde eu estava sentada só para pegar meu celular e fui saindo do camarim, observada de alguma maneira pelo pessoal todo que estava ali na equipe e ainda vendo aquela cara sonsa dela de por que isso tá acontecendo?. Fiquei ali perto mesmo, porque de alguma maneira eu iria assistir o show e pouco tempo depois eu senti uma mão sobre os meus ombros.
Paulim: Calma, sou eu! - ele disse assim que me viu virar assustada.
Helô: Paulim, de coração? Eu não quero ser grossa contigo, então não vamos falar sobre o que aconteceu lá dentro?
Paulim: Eu não vim falar nada, pode ficar tranquila! Isso é assunto seu e do Lucas... Posso só assistir o show com cê? Daqui a pouco começa, né?!
Helô: Sua companhia eu juro que não vou negar - ele abriu um sorriso - Não sei, já é daqui a pouco?
Paulim: Uhum, Alê já estava conversando com o pessoal da banda.
Helô: Ah é, então daqui a pouquinho ele também vem pra cá ficar com a gente.
Ficamos ali trocando umas palavrinhas até que, realmente, o palco foi começando a se preparar para recebê-lo e o Alê logo se aproximou da gente. Quando o Lucas entrou no palco, meu Deus do Céu, foi aquela gritaria típica, né? O pessoal estava muito animado pra vê-lo. Começou o show com aquele setlist que eu sabia as músicas de trás para frente e me divertia como se estivesse o vendo só como artista, a ponto de esquecer dos problemas. Curti muito até que quando foi quase no final do show, a figura de profissional com a figura de pessoal dele se misturou para mim. Simplesmente, Lucas fez o seguinte: Chamou a Aninha no palco e ficou dançando agarrado com ela, enquanto ela se prestava o papel de Garota Saudade Idiota. Fiquei observando cada segundo da música com os olhos semicerrados e batendo o meu pé impaciente no chão. Tenho certeza que o Alê e o Paulim tinham percebido, mas respeitaram o meu silêncio e eu me mantive assim até o final, quando ele apresentou ela sendo a professora dele do Dança dos Famosos e foi quem o ajudou muito durante o programa. A galera lá bateu palma e eu fiz questão de fazer o mesmo ato, acho que até surpreendendo eles dois que estavam lá comigo. Ele prosseguiu com o show e eu não me aguentei a virar pro Alê.
Helô: Você sabia disso, Alê?
Alê: Uhum - ele concordou nasalado - Ele decidiu isso um pouquinho antes de entrar no palco, não tinha como eu fazer nada, né?
Helô: Tá louco, nem tô pedindo pra você ter feito alguma coisa. Tem que deixar mesmo!
Paulim: Helô... Eu sei que disse que isso era assunto do cês dois, mas cê sabe que ele tá fazendo isso de birra pelo o que cê fez lá dentro, né?
Helô: Que nada! É pra matar a saudade da professorinha dele, com certeza tá com muita!
Paulim: Cê sabe que não...
Helô: Eu o conheço também, Paulim! Se tem uma coisa que ele não faz é me enganar. 
Eles se mantiveram em silêncio e eu fiquei ali, diferentemente do pré, sem conseguir curtir mais nada do show. Só queria que acabasse e que eu pudesse ir embora pra minha casa. Essa era aquela hora que a única coisa que eu queria era eu morar em um lugar e ele em outro, porque se tornava insuportável pensar na ideia que nós dois teríamos que ir para o mesmo lugar. Querendo ou não! O show durou um pouquinho mais que vinte minutos, depois daquela cena abominável e o Alê nos chamou para que fôssemos lá pro camarim só pra esperar o Lucas se arrumar, até porque hoje ele não atenderia os fãs. Entramos praticamente na mesma hora que ele e que a banda, que ficaram lá comemorando o bom show ao mesmo tempo que o Paulim e o Alê os cumprimentavam, enquanto eu fui direto pegar uma água para beber. Se tinha uma coisa que eu não queria era falar com alguém, qualquer o assunto que fosse. Mas como o ser humano não adquiriu poder de ler a mente dos outros, assim que me virei, o Willi tava praticamente na minha frente.
Willi: E aí? Vai abraçar o mozão ou não vai?
Helô: Suado desse jeito não, porque minha filha e minha roupa branca não são obrigados - ele gargalhou e me puxou para um abraço que, claro, eu não neguei
Willi: Cê segura a onda e não faz merda hein, cabeça? - falou me dando um tapinha e a gente foi se desgrudando
Helô: Sabia que tu ia falar alguma coisa
Willi: Claro, se não sou eu pra ser a parte racional do cês dois, cês tão fudidos
Helô: Fudida eu já tô né, fofo? - ele riu e eu acompanhei. 
Willi: Deixa eu beber uma água, porque cê tá afiadíssima hoje
Helô: Tô nada, tô tranquilona
Willi: Ôh! - ele falou pegando a água lá e eu já ia me sentar de novo para esperá-los, até que ouvi o Lucas dizer
Lucas: Bora, pai? 
Paulim: Bora, meu filho! Tá na hora, né?
Lucas: Tá, cê tá com maior cara de sono aí - ele riu e eles começaram a se despedir de todo mundo. Eu me levantei para ter o mesmo ato, porque sabia que eu ia embora com eles também. Demos tchau para toda galera lá e a gente foi saindo para o estacionamento, eu vendo o Lucas e o Paulim engatados num papo, enquanto eu ficava na minha, sem ter nenhum olhar do Lucas. Mas também não estava nem um pouco preocupada, até porque quem fez merda foi ele, como sempre. Fui no banco de trás, mexendo no celular e mal vi o caminho até a nossa casa chegar, quando me dei conta, já estávamos na nossa garagem. A gente saiu do carro, subimos pelo elevador literalmente vazio  e eu entrei em casa ligando a luz da sala de estar, sentindo o Paulim passar pela porta lá logo atrás do Lucas.
Paulim: Acho que não dá pra disfarçar meu sono, né? - a gente acabou rindo e ele quebrou um pouco do possível clima que ficaria ali - Então boa noite, gente! Durmam com Deus, viu?
Lucas: Brigado, pai! Cê também! Te amo! - ele deu um abraço de lado nele.
Paulim: Eu também, meu filho!
Helô: Boa noite, Paulim! - pausei o vendo começar a subir lá pela escada - A propósito, acho que eu vou fazer a mesma coisa
Lucas: Não, cê fica! - ele falou firme, me fazendo encará-lo e o Paulim até olhar na curvinha da escada lá, mas não parou, logo desaparecendo do cômodo que estávamos.
Helô: Quem você pensa que é pra tá falando comigo nesse tom?
Lucas: Quem cê pensa que é pra me fazer passar aquela vergonha na frente da Aninha? Isso sim é a pergunta pra agora!
Helô: Primeiro que se você passou vergonha, eu só lamento! Não tenho obrigação nenhuma de ser simpática com ela e muito menos deixar que ela fique de graça com a minha filha
Lucas: Que não é só sua, que fique claro! Então a Olívia tem e sempre vai ter o direito sim de conviver com os meus amigos, com as pessoas que eu gosto
Helô: Pode até ter esse direito, mas enquanto ela está dentro da minha barriga, vai depender de mim pra ter essa interlocução e só vai ter se eu quiser.
Lucas: Que comportamento de criança, Heloíza!
Helô: E tu é meu pai, por acaso, pra ficar me dando esporro desse jeito? Ou melhor, nem ele fica me repreendendo na frente dos outros! Eu não gosto disso, eu não quero você chamando minha atenção, muito menos na frente das suas amigas. 
Lucas: Quando cê tiver a postura que te cabe, aí eu posso te tratar como cê merece.
Helô: Vai pro inferno, Lucas! Se você quer agradar a Aninha ou o raio de pessoa que seja, arque com isso, agrade você! A gente não nasceu acoplado e eu não vou ficar falando com quem eu não gosto! Tô pouco me interessando pelo o que você vai achar disso! 
Lucas: Olha isso! Cê tá alterada desse jeito por que? Até parece que foi cê que ficou igual um idiota tendo que pedir desculpas para a garota por uma atitude ridícula de uma mulher de vinte anos!
Helô: Pediu desculpa porque quis, assim como me chamou pra perto dela porque quis.
Lucas: Eu quis mostrar a sua barriga por causa da Olívia e achei que cê pelo menos pudesse ser civilizada, mas pelo visto não, né?
Helô: Civilizada é palavra pra você usar com bicho e eu sou uma mulher, meu filho! A hora que você entender isso, aí sim a gente vai conversar - eu pausei - Aliás, quanto a sua querida professora, você pode ficar bem tranquilo, viu? Com certeza você promover bastante ela lá no palco já serviu como uma ótima forma de se desculpar pela o que eu fiz - ironizei mesmo e fui subindo a escada com passos fundos, nem querendo saber se ele ia me responder ou não. Entrei no nosso quarto, jogando meus sapatos lá pelo chão e indo direto pro nosso banheiro. Fechei a porta, porque eu não queria ser incomodada e depois de tomar o meu banho com toda a calma do mundo, eu coloquei meu pijama que tava ali mesmo pendurado, saindo e encontrando o Lucas só com a calça, descalço, pegando um samba canção lá no closet.
Lucas: Me responde uma coisa - ele saiu assim que me viu adentrando o quarto - Isso é só ciumes memo?
Helô: Ciúmes, Lucas? Faça-me o favor! Nosso relacionamento já passou dessa fase ridícula! 
Lucas: Então o que que é? Só vontade de regredir memo?
Helô: Eu já te falei e vou repetir... Eu não sou obrigada a ficar achando graça em todas as suas amigas. Eu não gosto dela e você sabe disso, não tinha a mínima necessidade de me chamar pra ficar de assunto com ela e muito menos colocá-la no palco achando que isso ia fazer alguma diferença na minha vida
Lucas: E não fez? Por que cê tá falando nisso toda hora, né?
Helô: Não, não fez a mínima! - falei alterando meu tom de voz mesmo
Lucas: Cê fala baixo porque meu pai ou tá dormindo ou deve tá querendo fazer isso
Helô: Falo desde que você pare de achar que me manda. Lucas, se em todo esse tempo você não entendeu isso, que seja de uma vez por todas... Tá pra nascer homem que vai mandar em mim ou ficar me dando esporro, você está ouvindo? 
Ele revirou os olhos e passou pelo meu lado, indo pro banheiro, nem sequer me olhando. Mais uma vez. Nem peguei meu celular nem nada, apenas liguei o ar condicionado e me deitei lá na cama, de costas para o lugar dele e fechei meus olhos. A última coisa que eu queria agora era lembrar que eu precisava ficar olhando pra cara do Lucas. Quem ele estava pensando que era? Eu hein! Fiquei imersa aqueles pensamentos por aquela briga idiota até vê a luz se apagar e sentí-lo deitando lá na cama, mas também teve o mesmo ato que eu: se deitar de costas para mim. Estávamos prestes a fazer o melhor para hoje: Calar-se e dormir. E assim foi feito, ainda bem!

Helô: OFF
Lucas: ON

Acordei na sexta feira e, nada muito fora do costume, a Helô ainda estava dormindo e eu me levantei devagar afim de não acordá-la. Fui no banheiro fazer minhas higienes pessoais e decidi logo descer, antes somente pegando meu celular. Eu tava com uma dor de cabeça chegando e quis logo tomar um remédio para tentar cortá-la, ainda que eu soubesse que o resultado de tudo aquilo ali era a minha mente que estava cheia. Cada dia que vem passando parece que vai mudando toda a concepção que eu tinha sobre como seria a minha vida a dois com a Helô. A gente tem brigado por tanta coisa banal e nem mesmo a gravidez da Olívia vem sendo a coisa mais animante para que faça esse clima entre nós cessar de uma vez por todas. Essa pressão da convivência tá cedendo aos poucos nosso relacionamento e eu fico pensando só em que ponto eu vou poder achar um pouquinho de paz, porque do jeito que tá, tá realmente foda. Tomei meu remédio e me sentei lá na banqueta, sem nem pegar nada para tomar café, apenas com o meu celular na mão. Fiquei olhando lá as coisas que tinha no whatsapp e depois fui até a lista de contatos, pelo aplicativo mesmo. Não sei se foi tão sem querer assim, mas cheguei no número da Lorena. Me lembrei nela e pensei até na última vez que a gente teve contato. Tem é tempo, viu? Depois que ela apareceu lá no condomínio dos pais da Helô, eu vi que tinha que colocar um freio na relação que a gente tinha para não ficar arranjando mais problemas para mim. Mas com ela eu sempre encontrei um pouquinho de paz, mesmo que fosse instantaneamente. E bom... Essa era a sensação que mais estava me faltando nesse momento. Tirei todo o fardo de noivo, de pai, de qualquer dessas colocações que me pressionavam e como num impulso, liguei para ela. De verdade. Ouvi todas as vezes que chamou até que caiu na caixa postal. Ela com certeza não estava perto do celular, aliás, se eu bem a conhecia não deixaria uma ligação minha cair assim. Ainda mais depois de tanto tempo. Mas... Resolvi não insistir. Aquilo poderia ser a demonstração mais clara que eu estava errando em fazer isso. Eu não tinha mais idade, tempo ou situação para me colocar nisso de novo. Deixei meu celular ali por cima da bancada e com a cabeça mais atordoada do que na hora em que acordei, fui preparar algumas panquecas para eu tomar logo meu café. Tava já deixando elas no prato quando vi alguém entrar pela cozinha afora e me deparei com o meu pai
Paulim: Bom dia, Lucas! - ele veio me dando um abraço de lado e um tapinha nas minhas costas, antes de eu sentar na banqueta
Lucas: Bom dia, pai! - dei um daqueles sorrisos sem mostrar os dentes - Vai aí, ó? - falei fazendo referência a minha refeição.
Paulim: Hoje tô querendo algo com mais gosto, fica tranquilo que eu vou pegar um pãozinho de forma memo - falou rindo e eu o acompanhei. Ele ficou separando o que tomaria de café e eu fiquei comendo, em silêncio, até a hora que ele se sentou na banqueta ao meu lado - Que que tá pegando hein, filho?
Lucas: Não dá pra esconder nada do cê, né?
Paulim: Cê não sabe fazer isso - ele deu um sorrisinho - Problemas com a Helô não conseguiram ser resolvidos, acertei?
Lucas: Em cheio... Aliás, tem dias que a gente não se acerta, né?
Paulim: Quer dizer que o problema não foi só ontem?
Lucas: Quem dera, pai! Desde o final de semana passado a gente tá nessa, tudo é motivo pra brigar. Ontem foi o pior, eu tenho certeza, mas sei lá..
Paulim: Lucas, cês tão começando uma vida agora - ele pausou para dá uma golada na xícara de café e eu aproveitei para interrompê-lo
Lucas: E não era pra essa ser a melhor fase?
Paulim: Claro que não! Essa vai ser assim, pra todo mundo. Cês podiam conviver quase sempre juntos, mas é diferente quando tá embaixo do mesmo teto. E ainda tem mais, cês não tão aprendendo a dividir tudo em dois, cês são em três agora. São um casal, mas também são pais. Tá aí uma provação pro cês... Por isso eu te apoiei tanto a vir morar junto antes memo de casar, cês precisavam se acostumar e passar por isso antes da Olivia chegar. Imagina a proporção que isso seria se ela já tivesse aqui?
Lucas: É, pai... - pausei, pensativo - Mas que tá complicado, nossa, como tá!
Paulim: Olha pra mim, Lucas... Se cê gosta mesmo da Helô, cê pode ter certeza que cês vão passar por tudo isso. Essa não vai ser a última vez que isso vai acontecer, mas quando tem sentimento de verdade, meu filho, cês vão seguir tranquilos depois.
Lucas: Acho que eu fiz besteira... - falei, respirando fundo.
Paulim: Como assim? Cê não gosta...
Lucas: Não, não, não é isso! - falei o interrompendo - Eu gosto da Helô! Eu gosto não, eu amo. Cê sabe disso melhor do que ninguém! Mas eu tô me sentindo muito pressionado com essa história que, de certa forma, eu memo quem incentivou pra que seguisse, cê consegue me entender? Sempre fui louco pra ser pai, eu adorei essa ideia de ter um canto pra dividir com a Helô, mas sentindo isso aqui na pele, parece que na primeira dificuldade eu volto a ser mlk, sabe? Eu tentei fugir dessa loucura da maneira mais errada possível.
Paulim: Pera aí, Lucas, eu realmente não estou entendendo nada. O que cê fez? - eu olhei para a entrada da cozinha para ver se a Helô não vinha por ali antes de falar.
Lucas: Eu liguei pra Lorena quase agora, antes do senhor chegar aqui. Eu tava me sentindo sufocado, precisava fazer alguma coisa. Mas isso não é o certo! Pensar nela, trazer ela de volta pra minha história, quem sabe até cometer uma besteira não é o certo. Não faz parte de mim! Não faz parte do que cê me ensinou.
Paulim: Calma, rapaz, calma! Cê não precisa se sentir assim, porque de certa forma, cê não fez nada. É normal quando a gente tá no desespero fazer coisas que a gente não pensa. Mas agora cê tá reconhecendo isso e o melhor de tudo, eu sei que cê não tá falando isso para mim, cê tá falando isso pro cê mesmo - ele bateu no meu peito - Cê errou, mas cê não pode carregar o peso do mundo nas costas. A Lorena ou mulher alguma nesse mundo vai ser capaz de te tirar da responsabilidade. Agora uma conversa sim, ela vai ser capaz de mudar o seu relacionamento inteiro. Cê sabe de quem cê gosta, com quem cê quer ficar e principalmente, cê tem consciência de que será pai. O resto, Lucas.. O resto se aprende! Cê não vai acertar todo dia. Nem com a Helô, nem com a Olívia, nem com ninguém - ele pausou - Cê chegou a conversar com a Lorena?
Lucas: Não, ela nem atendeu, graças a Deus.
Paulim: Tá vendo só? Talvez isso tenha sido só para te mostrar que cê precisava reconhecer para si mesmo que mesmo com tudo que cê tá passando, cê quer continuar passando ao lado da Helô. 
Lucas: Pai, mas eu não tô mais nessa fase de testes para saber o que eu quero. Eu gerei uma vida! Eu não posso mais ficar pensando em mim, mim, mim, só em mim o tempo inteiro - ele respirou fundo, um pouco contrariado.
Paulim: Sabe por que cê tá se sentindo assim? Porque cê mesmo se coloca essa pressão. Para com isso! Ser pai, ser marido não é isso que cê tá sentindo. Ouve o que eu estou te falando... Cê vai aprender cada dia mais com isso. Não fica exigindo perfeição logo no começo, é isso que está atropelando todos os seus pensamentos. Até hoje, Lucas, eu não sei ser um pai 100%. Vai ter horas que eu vou errar contigo e com o seu irmão ainda. E olha quantos anos já se passaram! Com a sua mãe, então, nem se fala. A gente briga até hoje, a gente se desentende... Independente de quantos anos passem, a convivência nunca vai ser fácil. Mas o que não pode acabar é a parceria! Isso não pode morrer. Se cê optou, se cê fez uma escolha de dividir sua vida com a Helô, cê tem que tentar pra valer. E quando der essa vontade de fugir, se abre pra ela. Conversa com ela, não briga. Ser intolerante um com o outro não adianta nada, não leva a nada, só aumenta essas preocupações e só fazem surgir outras que é exatamente o que tá acontecendo contigo. Tudo que cê mais queria na vida era a Olívia e agora até com isso já tá ficando inseguro. Filho, a vida nos testa o tempo inteiro!
Lucas: Eu preciso pensar nisso mesmo - falei passando as mãos no meu rosto - Mas cê disse, mais uma vez, tudo o que eu estava precisando ouvir. Brigadão, viu?
Paulim: Eu nunca na minha vida quero te ver assim, Lucas. Eu sei o quanto a Helô te faz feliz e o quanto a chegada da Olívia vai edificar cês dois... Não tenha pressa, não se cobre. Dá tudo certo, filho! - ele passou o braço em meu ombro e a gente acabou se abraçando, do jeito que dava.
Ele realmente sabia tudo o que eu estava precisando. E era exatamente assim que eu deveria agir: Mais leve e com convicção do que eu quero para a minha vida inteira.


Lucas: OFF
Helô: ON

Acordei por volta das 11:00, cheia de vontade de fazer xixi, para variar. Quando não consegui mais aguentar, fui obrigada a levantar e lá no banheiro aproveitei para fazer minhas higienes pessoais. Saí reparando o óbvio, que o Lucas não estava ali, mas o cheiro dele estava, o que representava que tinha ido a pouco tempo ali no quarto. Peguei meu celular, atualizei minhas redes sociais e fui saindo do quarto, encontrando a essa hora com o Paulim no corredor e a mala dele na mão.
Helô: Ah não! Não acredito que você já tá indo!
Paulim: Pois é, Helô, tá na hora - ele disse com aquele sorrisão aberto
Helô: E o mais bonito é que ia fazer isso sem se despedir de mim né?! - fingi semicerrar os olhos e ele ficou rindo
Paulim: O Lucas disse que iria te acordar, mas preferi deixar cê dormir. Eu imagino como o sono é forte por causa da gravidez!
Helô: Nossa, tá cada dia pior - disse rindo - Mas o sexto sentido também tá mais que aflorado, tá vendo? Acordei na hora certa - rimos
Paulim: Ainda bem! Vamos descendo que o Lucas já está lá embaixo me esperando - nós chegamos até a sala de estar e cheguei a fechar os meus olhos, respirando fundo, a enlouquecer com aquele perfume do Lucas. Vontade de agarrar e beijar aquele pescoço inteiro! Era incrível quando a gente tava estremecido e tudo se tornava ainda mais intenso - Olha aí, filho, acordou na hora certa ela..
Lucas: É.. - disse meio sem jeito - Bom dia!
Helô: Bom dia! - sorri sem mostrar os dentes - Já vão mesmo? Vou ter que tomar meu café sozinha? 
Paulim: Já estamos até atrasados, meu amor! - disse entregando a mala pro Lucas e vindo me abraçar - Vê se cê se cuida, tá? E olha a princesinha do vô! - abaixou dando uma sequência rápida de beijos na minha barriga
Helô: Pode deixar, a gente vai se cuidar. Manda um beijo pra Ká e pro Leandro.
Paulim: Mando sim!
Helô: Vai com Deus! - a gente deu mais um abraço rápido e eu fui até a porta com eles, sem fazer mais sequer um contato com o Lucas, o vendo descer pelo elevador e fechando a porta assim que a de lá fechou também. Passei para a cozinha, porque estava com uma fome monstra e separei um pãozinho para eu comer com queijo branco e um iogurte. Peguei tudo o que eu tinha para fazer a refeição e tomei café sentada lá na sala de estar, assistindo televisão. Comi rapidinho e quando voltei a cozinha, percebi que o Lucas tinha esquecido o celular lá em cima da bancada e ele ainda estava tocando. Olhei para o visor e a surpresa me tomou conta. Lá tinha escrito: Lorena Carvalho. Sinceramente, a vontade de vomitar tudo que eu tinha comido veio perto, mas eu tentei deixá-la passar batido e peguei para atender. Queria ter certeza de que era quem eu estava pensando.
Helô: Alô?
Lorena: Alô? - ela falou e a voz se afastou um pouco do celular - Esse celular é do Lucas, né? - eu reconheceria aquela voz de piranha mal feita em qualquer lugar do mundo.
Helô: É sim, mas ele não está. Ele esqueceu o celular e deu uma saidinha. Quer deixar algum recado?
Lorena: Não, na verdade nem tenho - ela deu um risinho e a vontade de socar a cara dela já estava grande - É que tinha uma chamada aqui dele e eu queria saber se ele tinha me ligado errado ou se queria alguma coisa mesmo.
Helô: Ah sim, não sei te informar, mas aviso a ele que você retornou - tava tentando manter o mais natural possível.
Lorena: Tudo bem, brigadão! - ela pausou - É a mãe dele? Não, né?
Helô: Não - respondi rápido - Tô trabalhando na equipe dele e a gente estava em reunião.
Lorena: Ah entendi! Brigado então, fala pra ele que eu retornei, viu?
Helô: Pode deixar, não vou esquecer - falei com os dentes um pouco trincado - Tchau!
Lorena: Tchau, querida!
Desliguei aquela chamada com querida é o teu cu encalacrado na minha garganta. Eu não tinha nem vontade de chorar de tanta decepção. Além dele tá tendo contato com ela, ainda estava sendo quem tomava as atitudes de ligar e tudo mais. Essa seria a última coisa que eu poderia estar esperando para esse dia. Sempre deixei as coisas no nosso relacionamento muito livre e talvez por isso nunca tenha sabido lidar da forma mais correta com o ciúme do Lucas, mas... Logo essa mulher? Eu queria me jurar que essa seria a última pessoa do mundo que o Lucas pensaria em me trair, mas pelo visto eu estava totalmente equivocada. Ao mesmo tempo que eu entendia as necessidades dele no caos que a gente tava vivendo, eu me recusaria a acreditar que esse tipo de atitude viria dele. Desnorteada, eu voltei a sala para pegar o meu celular e pensei logo na Isabella. Estava precisando mais do que nunca conversar e ela seria a pessoa ideal para me ouvir. Ela também demorou um pouco para me atender, mas pelo menos não deixou a chamada cair.
Isabella: Alô?
Helô: Oi, Isa! Tá podendo falar agora?
Isabella: Tô sim! Demorei pra atender só porque tava terminando de colocar uns negócios aqui no armário... Mas pode falar!
Helô: O Lucas tá fazendo a maior besteira da vida dele! E eu tô prestes a fazer a maior besteira da minha vida assim que ele entrar pela porta dessa casa - falei cuspindo as palavras
Isabella: Calma, Helô, o que tá acontecendo? - ela dizia em tom preocupado
Helô: Ai, que merda falar isso por telefone! Mas o Lucas esqueceu o telefone em casa e ainda foi azarado de nesse meio tempo a Lorena ligar pra ele, dá pra acreditar?
Isabella: Lorena é aquela abusada que apareceu na casa dos teus pais?
Helô: A própria!
Isabella: Ai meu Deus! - ela respirou fundo - Não, não é mesmo conversa pra gente ter pelo telefone. Eu vou deixar o Nick lá na clínica com a minha mãe e tô subindo pra gente conversar, pode ser?
Helô: Pode, vai ser muito melhor, porque a quantidade de coisa que eu tô precisando falar... - pausei - Sendo que não pode ser aqui, ele foi levar o Paulinho no aeroporto e já deve tá voltando.
Isabella: Relaxa, então. Vamos no shopping? Bom que ainda damos uma voltinha para espantar esse mau humor.
Helô: Do jeito que eu tô só quebrando a cara dos dois pra espairecer alguma coisa! Mas tá combinado, eu te encontro lá.
Isabella: Nada disso, eu passo aí e te busco. Já tô até separando a roupa que eu vou pra não demorar!
Helô: Ai, Isabella... Tá bom! Mas não demora, porque se eu vê o Lucas antes de conversar contigo, eu nem sei se aguento ficar calada
Isabella: Aguenta sim e não faz besteira antes da gente conversar. Tudo são concepções e a gente vai vê o que pode ter acontecido pra depois você conversar com ele, tá me ouvindo?
Helô; Tô! - falei revirando os olhos - Vem rápido então, beijos.
Isabella: Tô indo, segura sua onda! Beijo.
Desliguei a chamada, fiz a mesma coisa com a televisão e subi batendo o pé até o meu quarto. Procurei alguma música do Maroon 5 para tentar esvair toda essa raiva e a que apareceu era exatamente a que eu precisava: One More Night. Coloquei ela para ficar no replay em quanto tempo eu quisesse, deixei o celular lá no porta que tinha no nosso banheiro e fui tomar meu banho. Me despi e cantava tudo aquilo como se fosse a forma que eu tinha de extravasar aquele enxame de pensamentos que me corroía. Terminei e passei pro closet, depois de me secar, para poder escolher o que vestir. Pela praticidade, coloquei um vestido, um sapatilha, alguns acessórios e aproveitei o que me restava da paciência para trocar o piercing do septo. Arrumei meu cabelo, me perfumei e fui até o banheiro pegar meu celular, interrompendo a música que eu tava ouvindo repetidamente. Mas quando saí do cômodo foi a hora que meu corpo chegou a estremecer: Lucas estava entrando lá.
Lucas: Ué? Cê vai sair? - falou me olhando com as sobrancelhas arqueadas
Helô: Vou - respondi seca e passei para o closet novamente, a fim de pegar minha bolsa.
Lucas: Pensei que cê ia ficar em casa hoje - ele parou lá na entrada e parecia que adivinhava quando eu tava querendo ficar bem longe dele. Ou melhor, não adivinhava não, porque se conseguisse fazer isso, nem se aproximava com essa vontade de encher a cara dele de porrada que eu tô.
Helô: Pois é, eu também - falei tentando passar, mas ele segurou o meu braço
Lucas: Tá acontecendo alguma coisa?
Helô: Tem tanta coisa acontecendo, né? E cada um espairece da maneira que prefere - falou dando um sorriso sem mostrar os dentes, de forma irônica e me soltei dele, andando rápido para sair do quarto.
Graças a Deus, ele entendeu o recado dessa vez e eu passei voada pelo primeiro andar da nossa cobertura, decidindo sair logo de uma vez. Mesmo que a Isabella ainda não tenha me dado sinal se estava perto ou não, eu decidi descer, porque se ficasse perto dele, eu ia acabar falando o que não devia. Me sentei lá nos degraus da portaria mesmo e depois de dá uma atualizada no meu instagram, eu fiquei batendo algumas fotos minhas na tentativa do tempo passar logo e não ficar pensando muita besteira. Gostei tanto de uma, que editei rapidinho e postei, inclusive com a legenda da música que eu tanto ouvi a ponto de ficar com ela rodeando a minha cabeça.
@heloapollonio You and I go hard at each other like we're going to war. You and I go rough, we keep throwing things and slammin' the doors. You and I get so damn dysfunctional, we stopped keepin' store. You and I get sick, yeah, I know that we can't do this no more  #maroon5decadadia 
❤️ 31034 curtiram
grazysouza precisa de tudo isso numa só mulher? Se lascar, gata demais!
carolsilvaa_ sou apaixonada por essa sobrancelha, cê é louca.
promessadolucco a mulher mais gata do mundo!
lucco4ever ouvir Maroon 5 e lembrar de você: Sempre  
danielribeiro ohhhhhh pecado  
brusilveira eu amo esse teu piercing!
evermedina maravilhosa!!!  
brucosta você ser fã de maroon 5 só te faz mais perfeita ainda  
foryouneymar muiiiiiito linda! 
sorriaheloiza bom dia, meu amor! Se cuida sempre  
kellydolucco beleza sem limites.
brunaaimbasso essa música é foda! Melhor de todas deles. 
reasonleandro te amo!  
Li um pouco dos comentários até receber uma mensagem da Isabella, avisando que estava chegando. Fui esperá-la no portão e uns cinco minutos depois, avistei o carro dela parando lá na frente do prédio. Ela destravou as portas e eu entrei lá.
Isabella: Pela cara, o Lucas chegou antes de mim, né? - ela falou dando partida novamente no carro
Helô: Pois é!
Isabella: Ai, desculpa, Helô. A clínica da minha mãe tava cheia, então ainda tive que deixar o Nick lá na casa da mãe do Fred.
Helô: Não, tá tranquilo, pô - falei focando os meus olhos a frente e com a cabeça borbulhando a mil, como não tinha parado um minuto desde que eu atendi aquela porcaria de telefone.
Isabella: Vamos lá, com essa sua cara péssima você realmente não sabe esconder nada. O que é que está acontecendo de verdade?
Helô: O que eu te falei... O Lucas foi levar o pai dele no aeroporto, porque ele só tinha vindo pra cá pra poder resolver algumas coisas no estúdio com o Lucas e ficar pro show também que já ia ter ontem. Sendo que aí, ele fez o favor de deixar o celular lá na cozinha, quando eu terminei de tomar café, ouvi aquela merda tocando. Até olhei rápido, porque poderia ser o Lucas ligando de algum lugar, sabe? Pra saber se tinha deixado em casa, do jeito que é lerdo. Mas aí não! Antes fosse! Quando eu olhei o visor tava o nome da Lorena. Eu nem sabia o sobrenome dela, então resolvi atender pra não ficar nessa dúvida e adivinha? Era a própria, com aquela voz e jeito de piranha que até no Japão eu conheceria - revirei os olhos
Isabella: Que isso, meu! Mas você que o Lucas tá sendo ou seria capaz de... Te trair? - ela tirou os olhos rápido do volante e me encarou com a sobrancelha arqueada
Helô: Se você me fizesse essa pergunta ontem, eu te responderia com toda certeza que não, mas mano, depois de hoje eu nem sei o que pensar. 
Isabella: Helô, sinceramente, eu acho que essa hipótese é zero!
Helô: Ah sei lá, viu? Ele que ligou pra ela! E se ele não fez isso ainda, de qualquer jeito, é desgostoso pensar que ele tá pensando em outra mulher, tá querendo fazer contato, e dela você sabe que é como se fosse uma reaproximação. Isso não vai acabar bem, né? Ou melhor, não vai acabar bem pra mim que, pra completar, tô grávida dele.
Isabella: Ai, é foda... - ela respirou fundo - Por ter sido ele quem ligou a situação complica muito ao que pensar. Porque se fosse atitude dela, é até justificável, ela é piranha mesmo e nunca quis largar o osso com relação ao Lucas. E ele sabe disso! Então, o que deixa essa situação confusa é isso, ele saber como ela é e ainda sim ter tido coragem de ligar pra ela, independente do que pra seja.
Helô: Não tem outro assunto, né? Pra que ele ligou pra ela é bem óbvio! - pausei - Isa, a gente tem brigado muito, você sabe. Tem uma semana que a gente tá morando junto, sei lá, e cinco dias que a gente tá brigado. Porra, eu entendo um pouco do lado dele, incrivelmente - respirei fundo e acabei bufando, porque senti minha garganta ir fazendo nós aos poucos - É foda, mas eu sei que nessa situação ele pode pensar em alguma outra mulher. Mas nela, viado? Logo nela?
Isabella: Calma aí, Helô, não é nada justificável! Ainda mais com ela! - ela tomou uma postura que eu tenho certeza que seria a minha reação em condições normais 
Helô: Mano, você não tá entendendo como tá lá... A gente mal conversa! Se a gente faz alguma refeição juntos é um silêncio danado, eu saio pra um lado ele sai pro outro, quando vai trocar alguma palavra, a gente briga e a gente tá todos esses dias sem nem se encostar, quem dirá transar! - olhei um pouco para cima - E olha pra mim, né? Eu tô me sentindo cada dia mais enorme! Não sei nem em quanto tempo eu perdi tanto amor pelo meu corpo desse jeito.
Isabella: Ah não, pelo amor de Deus - ela deu uma batidinha no volante e me encarou - Você não pode tá falando sério, né?! Porque se tiver, você não é a minha amiga que eu conheço a vida inteira! - ela voltou os olhos para a pista, mas prosseguiu em sua fala - Heloíza, você é linda! E grávida tá mais ainda, todo mundo vê, todo mundo fala isso. E o Lucas chega ser bobo de tão apaixonado por tudo em você! O desejo que ele sente é uma coisa que fica estampado no olho dele. Vocês não sabem negar isso quando tão juntos, nunca souberam.
Helô: Pode até ser verdade, mas agora isso não tá tendo... E é preocupante, mano.
Isabella: Claro que é! Mas você se menosprezar a ponto de achar normal ele pensar em outra mulher, principalmente quando essa mulher é a Lorena aí já é loucura. Não encana com essa gravidez! Eu sei o que você passou pra aceitar a Olívia, mas agora não é mais tempo, você sabe que recebeu um presente muito bom e que continua sendo a Helô que todo mundo conhece, todo mundo ama, principalmente o Lucas. 
Helô: Ai meu Deus! - passei a mão no meu rosto evitando de vez que caísse qualquer lágrima - Tudo bem, Isa, mas seja sincera... Você acha que com o quê eu fui presenteada hoje de manhã pode significar que o Lucas tá com ela? 
Isabella: Eu queria muito poder te responder isso com toda certeza do mundo, amiga, mas eu vou te dizer a minha opinião. Olhando pra você, te vendo imersa numa coisa tão nova pra mim, numa vulnerabilidade dessa proporção, eu acho que não. O que eu sinceramente acho que tá acontecendo é que vocês dois tão muito inseguro com essas novas situações. É casamento, é morar junto, é ser pais... É muita coisa e vocês não tão conseguindo segurar isso da maneira que esperava! Por isso vem as brigas e tudo isso que parece que tá desmoronando na cabeça de vocês. Mas ás vezes, o Lucas também tá assim. Ás vezes não, isso é quase certo. Então, não tem jeito, você sabe do que vocês precisam..
Helô: Conversar - falei revirando os olhos 
Isabella: Exatamente! Conversar, mesmo que a personalidade difícil de vocês dois possa fazer tudo encaminhar em uma briga.
Helô: Ai cara - respirei fundo - Você é uma linda, sabia? - falei sorrindo e vi o sorriso dela se abrir, ainda que não tivesse me olhando - Obrigada, tá? 
Isabella: Ó, pra me agradecer agora, vai ter que rodar esse shopping inteiro comigo, muito pacientemente, e de olhos nas liquidações que tão a mil aqui nas lojas - falou já entrando no estacionamento
Helô: Ai, começou - ela gargalhou - Vou te dar um abraço quando a gente sair daqui e se sinta agradecida
A gente ficou rindo nesse clima e quando chegamos no shopping mesmo, em si, aí que foi mais maravilhoso ainda. A Isabella tinha conseguido me acalmar bem com as palavras que deixou para mim no carro, me fez enxergar algumas coisas de forma muito mais ampla e conseguiu até aumentar minha auto estima (que nunca tinha abaixado antes a esse ponto) com algumas comprinhas que eu tive paciência de fazer. Na real, eu tive muita paciência mesmo! A gente ficou rodando no shopping até quase 17:00 da tarde e só fomos parar porque percebemos que não tínhamos almoçado, e a Olívia já estava dentro de mim implorando por comida, me dando até um pouquinho de dor de cabeça. Mesmo a praça de alimentação estando vazia, a aquela hora não dava vontade de comer comida mesmo, então paramos no Subway, até porque eu tava mesmo com muita vontade daquilo. Paramos no balcão e tava até vazio, só esperamos uma menina que tava na nossa frente ser atendida e foi a nossa vez. Enquanto estava escolhendo os ingredientes, uma moça fazia e a outra ficava meio me encarando.
Marina: Olha, caprichei bastante para esse bebê aí dentro, viu? - disse embalando o sanduíche, bem simpática, fazendo eu e a Isabella sorrirmos.
Helô: Ai, obrigada, ela vai agradecer mesmo! Tô há tanto tempo sem comer que vai ser muito bem vindo - ri
Marina: É uma menina? Qual o nomezinho?
Helô: É sim, Olívia.
Marina: Ah linda! - ela sorriu e eu fui pagar ao lado, no caixa, com a moça que tava me encarando.
Fátima: Posso fazer uma pergunta? - disse pegando o meu dinheiro
Helô: Pode!
Fátima: Você é a mulher do Lucas Lucco, né?
Helô: Sou! - confirmei balançando levemente a cabeça.
Fátima: Ai eu sabia! - falou olhando pra outra menina e depois me entregando meu troco, pra Isabella poder pagar o dela - Eu já fui em dois shows dele e te vi nos dois, te acho muito linda e tá mais ainda com essa barriga - senti a Isabella me olhando e eu devolvi com um sorriso.
Helô: Ah, obrigada! E pode falar comigo quando me vê, hein? As pessoa me vê e se esconde, vou desacreditar que eu sou linda desse jeito - elas gargalharam
A Isabella terminou de pagar lá e a gente agradeceu, saindo para comer ali na praça de alimentação mesmo. Ficamos comendo e conversando ainda sobre aquela cena ali que foi até engraçada, depois estendendo um pouco mais de outro assunto até a hora de realmente irmos embora. A tarde tinha passado, mas havia sido tão gostosa que nem tínhamos percebido. Até encarar o trânsito! Num percurso costumeiro de dez a vinte minutos, fizemos em uma hora até o meu prédio. Quase enlouqueci! Uma coisa eu tinha plena certeza do que odiava em São Paulo: Trânsito. Me despedi da Isabella, com toda gratidão que eu alimento por ela, peguei minhas sacolas e fui subindo sem muita demora, pois ela ainda voltaria para o Guarujá. Subi, depois de cumprimentar o porteiro, e eu ao entrar em casa, não vi o Lucas ali pelo primeiro andar. Ouvi a voz dele vindo do quarto e quando abri a porta, chamei sua atenção pelo barulho das sacolas. O fato dele estar no celular e me encarar me fez gelar. Larguei as sacolas ali na entrada mesmo e decidi fazer meia volta. Desci até a cozinha e fui arranjar qualquer coisa para fazer por lá, não queria pensar besteira depois de um dia que eu usei para esquecer e reformular tudo na nossa vida. Tava bebendo minha água com todo e qualquer choro preso na minha garganta. Eu não queria chorar e essa maldita sensibilidade que a gravidez me trazia me rondava a todo momento. Eu tinha ódio de tudo que estava a minha volta e ainda sim nada se comparava a esse que eu estava sentindo por não conseguir controlar esse choro. Justo eu que sempre soube fazer isso muito bem, sempre passei por cima das minhas lágrimas como se elas não existissem dentro de mim. Senti alguém chegando na cozinha e não poderia ser outro além do Lucas. Fechei os olhos e quando os abri, percebi que ele estava bem ao meu lado, a me encarar.
Lucas: Helô! - ele falou e eu mantive meu raio de visão focado na mesma direção - Olha pra mim... tá? Olha pra mim! Não fica assim comigo, por favor! - senti meus olhos começarem a marejar aí e fechei minhas mãos sobre a pia - Não fica... eu...
Helô: Vem cá - falei me virando pra ele - Como é que você queria que eu ficasse? Eu tô aqui, toda desconjuntada, com essa barriga... Você, sinceramente, não tem que falar nada. Eu te entendo! De verdade. Nessa situação é cabível que você pense em outra...
Lucas: Não, não, não, não - ele me interrompeu, franzindo o cenho - Não tem outra, não existe...
Helô: Mas você ligou pra ela! - eu o interrompi e ele desviou os seus olhos de mim, respirando fundo.
Lucas: Então, cê realmente viu a ligação dela de volta?
Helô: Não só vi, como atendi e sei que foi você quem ligou.
Lucas: Exatamente como eu imaginava... - falou prendendo os lábios - Eu não sei porque eu fiz isso! - eu balancei minha cabeça negativamente, fechando os olhos, soltando um suspiro um tanto quanto irônico.
Helô: Admite! Admite o que você queria dizer pra ela... Com certeza ia relembrá-la, falar um tipo eu tava com saudade ? - falei olhando pra cima, já sem conseguir segurar o choro que estava bem a minha porta.
Lucas: Que tal um... - ele pausou - Eu tô ficando nervoso com toda essa pressão que envolve casamento, que envolve ser pai? - ao ouvir isso, as lágrimas não se aguentaram pelos meus olhos e foram escorrendo pela minha face.
Helô: Mas eu te falei! Eu te falei que eu não queria e você insistiu! - eu apontei para ele - Você, praticamente, me obrigou! E agora ela tá aqui! - eu cuspia aquela as palavras e ele me olhava com os olhos marejados - A Olívia não é só minha ou sua, ela é nossa! - ele balançou a cabeça positivamente - E o que que você quer que eu faça agora? Que eu...
Lucas: Ei! Pelo amor de Deus! - ele me interrompeu, elevando a voz - Tá maluca? Nem termina essa frase, cê num pode falar uma coisa dessa.
Helô: Mas a gente tá nessa vida tem tantos poucos dias e se eu parar pra pensar, tem horas que eu realmente acho que é isso que você quer - passei rapidamente minha mão pelos meus olhos, tentando evitar, em vão, mais lágrimas - E tudo ainda tá no começo! Era pra ser importante essa fase e a gente já está desandando nela. Tanto como pais, tanto quanto casados - eu olhei pra cima, mas as lágrimas continuavam a escorrer por mim e ele me observava com um rosto tão culpado - Se for pra continuar assim, eu não vou aguentar mais. 
Lucas: Não fala isso, olha pra mim... A gente tá junto nessa, eu vou te ajudar no que cê precisar. 
Helô: Não é assim! Eu sei o que você fez! Essa sua ligação para a Lorena demonstrou exatamente o que eu tenho pensado frequentemente. Ás vezes, eu também queria sumir, fazer qualquer coisa que me trouxesse paz de novo, sabe? Eu também queria ter uma válvula de escape, exatamente como você fez hoje  - passei de novo a mão sobre os meus olhos e em seguida vi os dele, que já deviam estar embaçados pela quantidade de lágrima que mostravam - Mas aí entra uma grande diferença entre nós que essa nada vai conseguir diminuir. Você tem o direito de ir atrás da Lorena ou de qualquer outra mulher a hora que quiser, já eu Lucas, não posso fazer nada disso. Pra onde eu for, ela vai tá aqui e sempre vai...
Lucas: Desculpa! Desculpa! Desculpa! Não fala mais nada - ele disse deixando uma lágrima escapar e pousando as duas mãos no meu pescoço, acariciando minhas bochechas com seus dedos polegares - Me desculpa, por favor! Eu não sabia que cê tava tão angustiada assim.
Helô: Não tinha como você saber sobre mim, a gente não consegue nem mais conversar direito, Lucas. É só briga, uma atrás da outra - fechei meus olhos e ele continuou me fazendo carinho com os dedos 
Lucas: Eu não sei aonde eu tava com a minha cabeça em ligar pra ela, tô sendo sincero pro cê, eu não sei.
Helô: Não sabe? - falei me desvencilhando das mãos dele - Mas eu sei exatamente. Mesmo comigo, dentro desse caos que a gente tá vivendo, você tava pensando nela.
Lucas: Não vai adiantar eu falar pro cê o contrário. Eu pensei! - me virei completamente pra ele, pressionando meus próprios lábios - Essa sempre foi a representação da Lorena na minha vida. Quando as coisas estavam dando errado, eu tinha ela ali, bem do meu lado. Podia ligar e esquecer dos meus problemas com ela. Mas depois que eu tinha que ir embora, tinha que arcar com todos eles de novo. E ás vezes, adiar esses problemas com ela só os aumentava mais ainda. Eu pensei que tinha aprendido isso, depois que cê apareceu na minha vida. Mas eu continuo um pouco moleque quando tô perdido memo... Eu achei que tudo podia ser exatamente como era antes. Mas não pode! Não pode porque eu tô com cê, a gente vai casar, a gente vai ter a nossa filha - ele pausou, limpando o rosto com as mãos - E não fica aí achando que eu penso nela sempre. Eu pensei nela naquele momento. Único momento que eu, realmente, não sabia o que estava fazendo. Depois disso, eu não pensei mais. Ou melhor, eu não penso mais nela. Eu te juro, Helô, cê pode acreditar em mim.
Helô: Tá tudo tão dificíl, cara - falei enquanto mais lágrimas me invadiam - E você ainda faz questão de vir com essa história de novo, logo com essa mulher - eu olhei pra baixo, porque não queria mais chorar na frente dele.
Lucas: Me perdoa, por favor, me perdoa - ele pôs a mão na altura do meu pescoço de novo, tentando trazer meu raio de visão ao dele - A gente tá no começo da vida, a gente tá no começo de tudo. Infelizmente, eu ainda vou errar muito, cê também, nós dois ainda vamos passar por outros momentos difíceis. Mas cê pode ter certeza - ele passou seus polegares na minha face, para limpar as lágrimas - Eu quero ficar com cê! Eu quero ficar com a Olívia! Eu quero passar todo e qualquer momento na companhia do cês, porque só assim eles vão passar de verdade. Eu não tenho coragem de trocar cês por nada nesse mundo, eu nunca vou ter. Pode acreditar em mim! - vi as lágrimas descerem pelo rosto dele - Eu nunca soube amar tanto alguém como eu amo cês duas, nunca - ele me trouxe mais para perto de seu corpo e eu me encostei em seu peitoral, tendo os dedos dele se entrelaçando no meu cabelo e fazendo um carinho - Eu não tô acostumado a te ver chorando, acho que é por isso que eu odeio tanto.
Eu olhei pra cima e ele me sorriu, puxando meu rosto pela minha nuca e iniciando um beijo entre nós. Ele se pôs em minha frente, encostando meu corpo na pia e ficou acariciando meu pescoço, enquanto nossos lábios se encontravam. Deixei minhas mãos penduradas em seus ombros e fui passeando com os meus dedos pela extensão dessa parte superior de seu corpo. Ele me beijava com tanta vontade e eu tentava retribuir daquele mesmo jeito. A qualquer hora que ficássemos sem aquele clima, já batia uma saudade completamente louca. Quando segurei o seu cabelo, com um pouco mais de força, para acentuar a estrutura que se tomava aquele beijo, senti como se fosse um empurrão e dessa vez ele vinha de dentro pra fora, a movimentar a minha pele por inteira. Ou melhor: A minha barriga. Me afastei do Lucas, completamente surpresa.
Helô: Você sentiu? - eu olhei e ele chegava a estar com os olhos arregalados
Lucas: Isso foi...
Helô: Ela mexeu, Lucas! - falei sorrindo - Ou melhor, ela chutou, né? - gargalhei e o sorriso do Lucas se abriu inteiro, com os olhos voltando a marejar - Para, mano, isso é muito bom!
Lucas: Eu sei que é - ele se abaixou um pouquinho, na altura da minha barriga - Fala que nem cê tava aguentando mamãe e papai brigando assim - deu um beijo por lá.
Helô: Ela tava é com ciume de você me beijando
Lucas: Até parece - ele riu - Mas aí ó, se for isso, já viu que vai puxar o pai, né? - falou levantando o corpo
Helô: Tá louco, sai dessa - rimos - Gente, foi muito forte! - falei passando a mão na minha barriga de novo
Lucas: Ela demorou muito pra mexer, tava guardando esse chute aí - falou rindo e eu embalei - Agora vem - ele segurou a minha mão - Vamos lá pro quarto - falou com aquela cara de moleque e eu tentei encará-lo, mas não consegui prender o riso por muito tempo.


Helô: OFF
Lucas: ON

Depois de esclarecer todos os problemas que estavam rondando a minha relação e a da Helô, a Olívia resolveu nos dar um presente maior ainda: Mexer pela primeira vez. E o mais incrível de tudo isso foi que eu estava tão próximo ao corpo da Helô que, de certa forma, senti aquele baque. Nunca pensei que isso fosse possível e tão especial. Após esse presentinho, puxei a Helô para subir pro nosso quarto e ela assentiu, entendendo exatamente o que eu queria dizer, mas quando chegamos no meiado da escada, a Helô parou, me preocupando.
Lucas: Que que aconteceu? 
Helô: Lucas, ela mexeu de novo! - ela dizia com um sorriso lindo no rosto e eu pus correndo a minha mão em sua barriga de novo, sentindo até algumas movimentações, porém bem mais leves do que a que tinha acontecido lá na cozinha.
Lucas: Não tô acreditando, doidinha, que coisa linda! - sorri, a olhando toda boba com aquela cena. Embora não admitisse, a sensibilidade da Helô aumentou umas vinte vezes mais com a Olívia e eu tenho a achado ainda mais linda assim.
Helô: Gente, ela tá muito animada mesmo - ela falou rindo e eu a acompanhei
Lucas: Demais! E o papai dela também - falei colocando minha mão no queixo dela e dando um selinho rápido.
Helô: Então sobe aí... Acho que agora ela vai ficar quietinha, vai deixar essa animação só pra você.
Continuamos subindo juntos e assim que entramos no quarto, a Helô ainda se virou para fechar a porta e eu aproveitei para abraçá-la por trás ali mesmo. Ainda que grávida, todas aquelas inseguranças que ela me demonstrou na cozinha eram completamente vãs. Heloíza estava mais gostosa do que nunca! Só a forma como os nossos corpos se encontravam me arrepiava. Tá maluco! E ela sentia isso, pois virou com o sorriso mais malicioso do mundo no rosto. A beijei de forma intensa, a pressionando contra a porta e fui passeando com as minhas mãos pelo corpo dele, percorrendo pela cintura, pelo quadril e parando apertar sua bunda. Aproveitei que ela estava de vestido e as minhas mãos já estavam tão baixas que eu as passei para debaixo do pano. Senti o tamanho da calcinha que ela estava e bom... aquilo começara a me excitar ainda mais. Puxei completamente a peça, fazendo com que nossas bocas parecem de se encontrar só para ele passar pela cabeça dela. O corpo dela havia ficado todo a mostra e se eu pudesse, pararia ali somente para admirar. Mas o tesão que percorria o meu corpo não me permitiria perder tanto tempo. Peguei sua cintura com força e fui levando-a até a cama, onde deitei-a no colchão, em dentre beijos cheios de desejo e parei para poder descer com a minha boca pelo seu corpo. O pescoço dela era o ponto mais fraco e eu adorava a forma com que ela se contorcia só os meus lábios tocando sua pele. Além de gostosa, ô mulher pra ser cheirosa! Cheguei em seus seios e os massageando com uma mão, com a outra, tive a ajuda dela para retirar. Assim que seu sutiã saiu, eles saltaram como se viessem ao meu encontro. Pela gravidez dela, eles estavam bem maiores que o normal, o que a tornava ainda mais desejada por mim. Passei minha língua, como num círculo, em volta de seus mamilos, que estavam completamente enrijecidos demonstrando a excitação dela e assim pus minhas boca ali, a chupá-los. Ouvi a Helô gemer com aquela situação e se apoiar com as mãos em meus ombros, apertando com certa força. Minhas mãos que estavam em sua cintura, foram deslizando até seu quadril e foi onde eu tirei minha boca dali para poder descê-la, a me deparar com sua intimidade. Passei meus dedos por cima do pano, o sentindo completamente molhado e me mostrando exatamente o que eu queria saber: o quanto ela ansiava por me sentir. Fiquei acariciando, com certa força, ainda sem tirar a calcinha e ela arfava, quase que implorando para que eu terminasse aquela tortura. Mas antes dela fazer isso, eu mesmo decidi tirar sua última peça, porém intensificando aquilo que ela mais sofria. Abri um pouco mais as suas pernas, me apoiando sobre suas coxas que estavam com os músculos completamente tensos, e coloquei minha língua ali. Ao mesmo tempo que a chupava, passava os meus dedos pela parte que alcançava de sua intimidade, fazendo com que a Helô gemesse ainda mais alto e segurasse meus cabelos com bastante força. A cada movimento que aquilo se intensificava, eu sentia meu membro explodir, ainda por dentro da minha bermuda, de tanto tesão. Quando ela chegou em seu ápice, eu fiz o caminho inverso, a beijando de cima para baixo e ao chegar em seus lábios, descansei meu corpo sobre o dela, deixando que agisse. Em pouco tempo ela se virou sobre mim, encaixando suas pernas na altura do meu abdômen e se movimentando sobre ele enquanto me beijava, despertando inúmeros pensamentos em mim. Quando descolou nossos lábios, foi capaz de dizer algumas sacanagens e escorregou pelo meu corpo, arfando quando passou por cima de meu membro totalmente excitado, parando um pouco acima de meus joelhos. Levantou um pouquinho seu corpo para tirar a minha bermuda, levando junto a minha cueca, e ficou admirada, olhando para o meu membro. Passou a língua entre seus lábios que faziam um biquinho e eu fiz uma cara quase implorando para que ela colocasse a boca ali. Depois de passar as mãos com certa pressão sobre ele, fazendo um tipo de masturbação, levou sua boca devagar até lá e começou a fazer seu trabalho, com os olhos sempre levantados para mim. Por ora, fechava os meus olhos para sentir como ela conseguia ser maravilhosa! Me levava a loucura todos os movimentos que ela fazia e eu ainda a chamava, incentivando para que continuasse por ali até eu não aguentar mais. E assim foi feito! Quando ela terminou, me olhava com os olhos semi cerrados, mordendo os lábios e eu passei a mão em meu membro, totalmente enrijecido, como se fosse um convite para ela sentar ali. Helô, que não era boba nem nada, logo entendeu o recado e entrelaçou suas pernas no meu quadril, me deixando penetrá-la até o fim. Gememos quase que num uníssono e sorrimos pós isso. Ela começou a se movimentar, para cima e para baixo, de forma lenta e eu deixei minha mão em sua bunda, afim de incentivá-la, dando alguns apertões e tapinhas que faziam formar no rosto dela as cara mais safadas possíveis. Essa minha mulher era mais que deliciosa! Puxei-a, pouco tempo depois para um beijo e só saímos daquela posição quando chegamos ao nosso ápice juntos. Virei-a sobre a cama e ficamos deitado no sentido contrário que deveria, mas aquela hora era a última coisa com a qual nos importaríamos. Segurei uma de suas coxas com força, levantando-a um pouco e deixando sua intimidade bem a minha vista. Completamente molhada do jeito que estava, foi fácil começar uma nova penetração. Introduzi tudo de uma vez, deslizando por dentro dela e sentindo todas as latejações possíveis do meu membro, e quando saía, deixava só a pontinha dele por dentro dela, hora que a fazia implorar para repetir aquele feito e gemer cada vez mais alto. Aumentei a velocidade com que a estocava e acabei chegando ao meu ápice ainda quando estava dentro dela. Ela soltava milhares de sacanagem que só me impulsionava mais a não terminar aquela noite. Segurei seu cabelo com um pouco mais de força e me pus a beijá-la, puxando seu lábio e permitindo introduzí-la mais uma vez. Pela quantidade de tesão que rolava entre nós, foi a mais rápida da noite, mas meu Deus... que noite! Heloíza é o tipo de mulher que a gente olha e agradece todos os dias por ter, porque eu nunca havia tinha feito nada parecido na vida com ninguém. Ela era completamente louca. Completamente gostosa. Completamente safada. Completamente minha. E única.


Lucas: OFF
Helô: ON

Oi, meninas! Capítulo que já estava, praticamente, pronto tá aí bem cedinho pra vocês. Muito obrigada pelos últimos comentários, vocês são maravilhosas! Sempre me divirto muito haha as tretas aumentaram e ao mesmo tempo, creio eu, que "acabaram" de forma linda. Gostaram? O que acharam? Me contem tudo, por favor rs e ah, tenho uma notícia que ao mesmo tempo é satisfatória, já vai dando uma dorzinha: A partir do próximo capítulo, rola a penúltima passagem de tempo do blog! 
Tá chegando o #casamentohelucas. Tô preparando muita coisa boa! Beijosss!! 

22 comentários:

  1. QUE VENHA O PRÓXIMO CAPÍTULO, TE DIGO APENAS ISSO!

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  2. MEU DEUS. CHOREI COM ESSE CAPÍTULO, COMO EU JÁ TINHA DITO NO CAPITULO PASSADO O QUE EU MAIS GOSTO NAS BRIGAS É A RECONCILIAÇÃO EU SIMPLISMENTE NAO SEI COMO VOU SOBREVIVER QUANDO A FANFIC ACABAR, JA PENSOU EM INICIAR OUTRA? O CAPÍTULO FOI PERFEITO, ALEM DE AMAR A RECONCILIACAO EU AMEI VER QUE VOCE NAO GOSTA DA "ANINHA" E DA CAVALA PORQUE NÉ? NINGUÉM MERECE ESSAS DUAS. TO MUITO ANSIOSA PELO PROXIMO CAPITULO MUITO MESMO. BEIJO!

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  3. Meninaaa vc e desse mundo ? acho que não neh adorei esse capitulo sem duvidas,chorei com as brigas com a reconciliação que foi mais que perfeita ...Pena que helucas ta chegando ao fim.

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  4. Que saudade do show do CTN 😭😭😭😭 cara a Olivia se mexeu pqp muita emoção nesse capítulo

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  5. QUE CAPÍTULO MAIS LINDO, CHOREI DEMAIS COM A RECONCILIAÇÃO <3 <3

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  6. Não por favor, fala que pretende pelo menos fazer uns capítulos com se fossem no futuro, quando o tempo já tivesse passado bastante os filhos já grandes, só pra matar a saudades que essa fic incrível vai deixar quando acabar.

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  7. Não quero que essa fic acabe nunca :/ capítulo lindo, esperei tanto o primeiro chute da Olívia.

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  8. Amando que venha o próximo capítulo❤🔝👏

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  9. Fim das tretas aleluiaaaaaaa,ameiiii o capitulo,mais perfeito ainda quando a olivia mexeu foi lindoooo.

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  10. Vontade de matar o lucas no começo do capitulo,tudo culpa da aninha toda "inha"e da lorena nojenta.Mais enfim a paz reinou lindamente com a olivia dando um belo chutão rsrsrs.

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  11. Reclama tanto do medina e apronta em dose dupla,vai vendo lucas lucco.

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  12. Preciso nem dizer nada, saiu uma lagrima do meu olho nessa conversa/discusão, que bom que ta tudo certo agora, foco no casamento, não vejo a hora quando eles casarem. Não sei o que vai ser de mim quando essa fic acabar. Continua.
    #VemOlívia.
    #Chegaadatadocasamento.
    #Helucas.

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  13. Volta no primeiro Cap.. Por favorrr,nao quero que acabe

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  14. Não sei se falo continua. Pois não quero que acabe :( mas to ansiosa pro final tambem :)

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  15. Aí tô ansiosaaa continua

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  16. Aiin Mds .. O que vai ser de mim quando a Fic acabar?? �� .. Mas eu tô MUITOO anciosa pro próximo Capitulo, Continua ��

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  17. Cooontiiiinuuuuuuuaaaaaaa

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  18. Aaa que perfeito, adorei o capitulo, que pena que já ta quase terminando, tomara que você faça outra fic. Contiiinuaa.
    A personagem da Helô casa hoje né?
    #CasamentoHelucas.

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  19. Ounnnnn amando como sempre!!!!! Aaaa hj foi o casamento da Bruna Unzuetaa!!! Meu hairstylist que fez os cabelo de umas convidadas dela e ele foi la *o* lembrei da Helo kkkkkkkkkk (Bia aqui)

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  20. Já estou entrando no meu estágio depre só em pensar que a fic mais divosa do mundo ta acabando,me recuso á aceitar isso,.Preciso de uma despedida de solteiro tanto do lucas como da helô,maisssss uma despedida sem tretas claro rsrsrs.

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  21. Eu to ficando louca aqui. Pelo amor de Deus posta cap.

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